quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

IAE realiza ensaios do Projeto DPA-VANT

O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), realizou ensaios do Projeto DPA-VANT, com corrida no solo de protótipos do VANT Acauã. O objetivo principal dos ensaios foi a aquisição de dados para identificação de parâmetros para o controle automático da aeronave no solo. Também foram verificadas a nova configuração das plataformas de voo (sistema elétrico e barramento de dados CAN-Aerospace) e a instalação de novos equipamentos, como DGPS (GPS Diferencial) e laser altímetro.

O Projeto DPA-VANT tem como objetivo o desenvolvimento de um demonstrador de tecnologia de um Sistema de Decolagem e Pouso Automáticos (DPA) para Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT). O projeto é coordenado pelo IAE e conta com a participação do Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e do Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM). É apoiado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), com recursos financeiros da  Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

O Projeto DPA-VANT utiliza o Sistema de Navegação e Controle desenvolvido no Projeto VANT, que inclui as funções de piloto automático, navegação autônoma e retorno à base em caso de perda de link de comunicações. O Projeto VANT foi concluído com sucesso, em junho de 2010, após a realização de 59 voos de ensaio na área da Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga/SP. Como plataforma de ensaio é utilizado o VANT Acauã, construído pelo DCTA, com 5 m de envergadura e 150 kg de peso máximo.

Nos ensaios foram realizadas nove corridas com sucesso, com velocidades estabilizadas entre 10 e 60 km/h. Os principais itens analisados foram a atuação da bequilha, a eficiência do sistema de freios e a aceleração lateral da aeronave. Cerca de 30 pessoas participaram dos ensaios, incluindo integrantes do IAE, CTEx, DTCEA-SJ e INFRAERO.

Segundo o Engenheiro. Flavio Araripe d'Oliveira, Coordenador do Projeto DPA-VANT, os dados obtidos nos ensaios possibilitarão que em 2013 sejam realizados ensaios em voo com decolagem e pouso comandados pelo piloto automático do VANT Acauã. As tecnologias pesquisadas nesse projeto poderão ser incorporadas em futuros VANT operacionais a serem supridos pela indústria nacional, como o VANT Falcão, em desenvolvimento pela AVIBRAS.


Fonte: IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço do DCTA).

domingo, 16 de dezembro de 2012

Franceses criticam posição de Dilma em relação a caças

16 de dezembro de 2012

ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE / PARIS - O Estado de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff confirmou na viagem à França, semana passada, o adiamento por tempo indeterminado da decisão sobre a compra de 36 aviões de caça para a Força Aérea Brasileira (FAB). Tampouco deu pista sobre um eventual favorito no projeto FX-2. Mas Serge Dassault, presidente de honra da Dassault Aviation, fabricante dos caças franceses Rafale, reconhece: os americanos F-18 Super Hornet, da Boeing, são hoje os favoritos de Brasília.

Os indicativos foram dados pelo industrial no jantar de gala oferecido na terça-feira pelo presidente da França, François Hollande, a Dilma. Dassault, de 87 anos, reconhece as dificuldades que sua empresa enfrenta para convencer o atual governo brasileiro a investir nos Rafale, e não em um de seus concorrentes: o Super Hornet, da Boeing, e o Gripen NG, da sueca Saab.

Além de reconhecer o poder de convencimento dos rivais - "os americanos estão fazendo uma força terrível" - e dos problemas de câmbio - "os Rafale custam mais caro por causa da relação entre o euro e o dólar" -, Dassault reconhece que a relação entre a companhia e os governos francês e brasileiro esfriou desde a posse de Dilma Rousseff. "Ela é mais preocupada com os problemas financeiros, o que é normal", disse. Segundo ele, "a relação com Lula era mais simpática, mais aberta". "Infelizmente ele não tomou a decisão no melhor momento."

Nos últimos meses, três fontes diferentes da diplomacia francesa reconheceram ao Estado que as críticas feitas pelo governo de Nicolas Sarkozy às negociações realizadas por Brasil e Turquia sobre o programa nuclear do Irã, em 2010, geraram grande insatisfação em Lula, que teria decidido congelar a compra dos Rafale.

O desafio do Ministério da Defesa francês desde então é encontrar um novo tom para as negociações. O ministro Jean-Yves Le Drian evita até elencar a concorrência dos caças brasileiros entre as prioridades da diplomacia de Paris. "Não creio que o Rafale tenha sido um assunto", disse ele, sobre os encontros entre Dilma e Hollande. Indagado sobre por que o tema saiu da mesa de negociações, respondeu: "Porque a meu ver as escolhas estratégicas do Brasil em termos de defesa se voltaram mais para o mar".

O ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, monstrou a mesma despreocupação sobre o assunto. "Não há nenhuma novidade", disse. Amorim disse estar satisfeito com a nova postura francesa. "Há muito respeito da parte deles sobre o momento de o Brasil tomar uma decisão."

País deverá ter míssil de médio alcance em 2016

Exército investe R$ 195 milhões no AV-TM300 da Avibras

16 de dezembro de 2012

ROBERTO GODOY - O Estado de S.Paulo

O Exército do Brasil está desenvolvendo os primeiros mísseis nacionais de alcance na faixa de 300 quilômetros e com a capacidade de fazer navegação inteligente até seus alvos. A carga explosiva fica entre 150 quilos e 200 quilos. O programa de construção do AV-TM é parte do sistema de artilharia Astros 2020, uma das sete prioridades estratégicas no processo de modernização da Força Terrestre.

O contrato para o desenvolvimento do míssil foi assinado no dia 29 de novembro no Comando do Exército, em Brasília. Uma cerimônia discreta. A empresa, dona do projeto, é a Avibrás Aeroespacial. O pacote completo do investimento no Astros 2020 é avaliado em R$ 1,246 bilhão. O custo, só da fase de desenvolvimento do AV-TM, será de R$ 195 milhões. Segundo Sami Hassuani, presidente da Avibrás, todas as etapas do empreendimento estarão integralmente cumpridas até 2018, "mas, o primeiro lote, será entregue ao Exército já em 2016". Em nota, o Comando do Exército informou que no período de 2011 e 2012 aplicou, diretamente no plano, R$ 220 milhões.

Hassuani acredita nas possibilidades do produto no mercado internacional. Ele estima que apenas clientes tradicionais do arranjo atual do Astros, como a Arábia Saudita, a Malásia e a Indonésia, representem "encomendas na escala de US$ 2 bilhões" aos quais "se somam novos negócios potenciais na linha de US$ 3,5 bilhões até 2022".

A primeira versão do míssil foi criada em 1999 e apresentada em 2001, na condição de munição alternativa e avançada do lançador múltiplo de foguetes. Ao longo dos últimos dez anos, a arma passou por constante aperfeiçoamento. O desenho atual é moderno, mais compacto e dispensa as asas retráteis da configuração original. O míssil mede 4,5 metros e utiliza materiais compostos. O motor de aceleração usa combustível sólido e é usado no lançamento. Durante o voo de cruzeiro, subsônico, o AV-TM tem o comportamento de uma pequena aeronave - a propulsão é feita por uma turbina, construída também pela Avibrás.

No limite. O sistema está no limite do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, o MTCR, do qual o Brasil é signatário. O regime pretende conter a proliferação dessa classe de equipamento militar com raio de ação acima de 300 quilômetros e ogivas de 500 quilos. Nos termos do acordo multinacional, os 34 participantes - entre os quais, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia e França, todos potências nucleares - assumem que cada Estado deve estabelecer a política nacional de exportação dos vetores de ataque não tripulados. Em 1992 o MTCR passou a considerar todas as armas de destruição em massa. "O AV-TM está rigorosamente dentro da distância fixada e, de forma bem clara, com folga no peso", explica Sami Hassuani.

De acordo com exposição do coronel Geraldo Antonio Diniz Branco, em seminário do Ministério da Defesa, em 2011, "ser parte do MTCR implica o grave compromisso de não permitir a proliferação da tecnologia de mísseis a partir de seu território". Para Diniz Branco, "todavia, isso não impede o desenvolvimento das tecnologias de mísseis, próprias ou de parceria com outro Estado".

O Comando do Exército destaca que o Astros 2020 é a plataforma para que a Força tenha "apoio de fogo de longo alcance com elevados índices de precisão e letalidade". A navegação do AV-TM é feita por uma combinação de caixa inercial e um GPS. O míssil faz acompanhamento do terreno com um sensor eletrônico, corrigindo o curso em conformidade com as coordenadas armazenadas a bordo. Seu objetivo ideal é uma instalação estratégica - refinarias, usinas geradoras de energia, centrais de telecomunicações, concentrações de tropa, depósitos, portos, bases militares, complexos industriais.

"Ainda não tem o radar necessário para buscar alvos móveis; isso pode vir a ser incorporado, claro, em uma série especial", destaca Sami Hassuani. Esse recurso permitirá outras façanhas - por exemplo, um disparo múltiplo contra uma frota naval, liderada por um porta-aviões, navegando a até 300 quilômetros do litoral, eventualmente ameaçando as províncias petrolíferas em alto-mar.

Foguete. O Astros 2020 terá ainda um novo, - menos sofisticado, mas mais barato - tipo de munição, o foguete guiado SS-AV-40, para chegar a 40 quilômetros com precisão e pouco "espalhamento", evitando a dispersão em relação ao ponto de impacto com recursos eletrônic0s de direção - entretanto, incapaz de navegar e procurar a área do objetivo. O Exército destinou R$ 40 milhões ao projeto.

Cada bateria do sistema é composta por seis carretas lançadoras apoiadas por seis remuniciadoras, um blindado de comando, um carro-radar de tiro, um veículo-estação meteorológica e um de manutenção (veja gráfico). O míssil AV-TM é disparado dois a dois. O SS-30 em salvas de 32 unidades, o SS-40, de 16; os SS-60 e SS-80 de três em três. O grupo se desloca a 100 km/hora em estrada semipreparada e precisa de apenas 15 minutos de preparação antes do lançamento. Cumprida a missão, deixa o local deslocando-se para outro ponto da ação, antes que possa ser detectado.

A série 2020 opera os mesmos foguetes regulares do Astros-2, dois deles, o SS-60 e o SS-80, são dotados de cabeças de guerra de 150 kg de alto explosivo, ou perto de 70 granadas independentes. O conjunto eletrônico é da sexta geração. Melhora a exatidão do disparo e permite a integração do Veículo Aéreo não Tripulado (Vant) Falcão, da mesma Avibrás, expandindo o reconhecimento.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Caças de combate aéreo para o Brasil: o que a História tem a dizer

A transferência de tecnologia tem sido condição sine qua non para que o Brasil feche parceria estratégica na área de Defesa. Em 2009, Brasil e França fecharam parceria estratégica para aquisição de quatro submarinos convencionais e da plataforma-navio para o futuro submarino de propulsão nuclear da Marinha do Brasil. Muito se tem noticiado sobre as negociações da Força Aérea Brasileira para aquisição de 36 caças de combate. Em 2010, um suposto relatório da FAB vazou a informação de que a Força optaria pelo Gripen da empresa sueca Saab. Em dezembro de 2012, a revista Isto É anunciou o vazamento da informação de que o F-18 Super Hornet, da empresa estadunidense Boeing, seria o favorito da FAB. Aponta-se que os quesitos custo e atendimento das necessidades da Força privilegiam o modelo de caça Super Hornet em relação ao Gripen e ao caça Rafale, da empresa francesa Dassault.

Compra ou absorção de tecnologia?
 
O desenvolvimento nacional tem sido o ponto fundamental de discussão no Governo Federal para tomadas de decisão na área de Defesa. Segundo a revista Isto É, pelos documentos vazados, a Boeing teria se comprometido com a Embraer a entregar o maior conjunto de offsets já oferecido pelos EUA a qualquer país não membro da OTAN. Além de prometer ingresso ao Brasil a mercados inacessíveis na área de Defesa, previa a construção conjunta de aviões de treinamento militar para pilotos que poderão, inclusive, serem vendidos para países da América Latina, e desenvolvimento de um jato de emprego multifuncional de quinta geração que poderia ser comercializado mundialmente. A Boeing se comprometeria também a abrir um centro tecnológico em território brasileiro.

Embora a aquisição dos novos caças se oriente por uma decisão de Governo, a FAB precisa definir o que pretende: é compra ou absorção tecnológica? Se for compra, que se opte pela oferta mais barata; porém, se os quesitos absorção de tecnologia e mercado de exportação pesarem em mesmo nível que o quesito custo, a oferta mais barata pode, futuramente, sair mais cara.
Essa é uma questão fundamental que precisa ser analisada pelos tomadores de decisão: se as ousadas promessas da Boeing não são apenas parte da Estratégia Política dos Estados Unidos para tirar os franceses das negociações na área de Defesa com o Brasil.

A História está aí para quem quiser consultá-la. É preciso que os órgãos competentes tenham sensibilidade nestas questões antes da tomada de decisão para a aquisição dos caças.
Embora tal proposta estadunidense se mostre interessante e alinhada aos interesses brasileiros, é de suma importância que as autoridades políticas e de defesa analisem a História dos Programas de Cooperação Tecnológica da FAB e avaliem se o que ela tem a dizer se alinham com as promessas ou se confrontam com os interesses políticos e/ou econômicos dos EUA.

Experiência da FAB em programas de aquisição tecnológica
Em 1978, as empresas italianas Aeritalia e Macchi se envolveram em um consórcio para desenvolver aeronaves de caça. Este consórcio denominou-se Aeritalia Macchi Experimental (AMX). Buscava-se, em plena era dos caças multifuncionais de alto desempenho, desenvolver caças de ataque leve, que seriam empregados em missões de interdição, apoio aéreo aproximado e reconhecimento. Estas empresas acreditavam que caças como o F-16, Tornado, Jaguar e Mirage F1, aeronaves multifuncionais de alto desempenho, eram muito sofisticados para missões secundárias de apoio aéreo aproximado tático em um cenário de conflito europeu. Desejavam assim, desenvolver caças que, além de dispor de capacidade para operar em altas velocidades subsônicas à baixa altitude em qualquer horário do dia e se deslocassem de bases militares pouco aparelhadas e pistas danificadas, dispusessem também de baixa assinatura em infravermelho e capacidade auto-defesa propiciada por mísseis ar-ar, sistemas de contramedidas eletrônicas e canhões integrados.

Em 1979, a FAB convocou estas empresas interessada no seu projeto inovador de caça para um cenário de conflito sul americano. Em 1980, esta Força decidiu participar do Consórcio italiano e envolver a Embraer na construção de caças e na aquisição de know how para construção de aviões militares modernos. Ressalva-se que não era a primeira vez que a Embraer era envolvida em programas de aquisição de tecnologia de defesa com a Itália. Em 1971, a Embraer já se envolvido no programa de cooperação com a empresa italiana Aermarcchi para o desenvolvimento da aeronave Xavante. A fim de desenvolver um caça leve subsônico, a Embraer investiu cerca de 29% neste consórcio, enquanto que  a Aermarcchi investiu cerca de 24% e a Aeritalia cerca de 46,3%.

Os caças AMX italianos receberam capacete DASH 4 e bombas guiadas a IR Opher da empresa israelense Elbit, rádio M3AR (Série 6000) da subsidiária alemã Rohde & Schwarz, bombas guiadas a laser GBU-16 Paveway II da estadunidense Raytheon e canhões M-61 A1 de 20 mm com 6 canos giratórios da estadunidense General Electric. Já no desenvolvimento dos caças brasileiros, além da Embraer, que criou uma subsidiária para atender as necessidades do programa de cooperação, a Embraer Divisão de Equipamentos, a FAB também envolveu as empresas brasileiras Mectron, Eletromecânica Celma e Aeroeletrônica no programa de cooperação.
Em 1986, iniciou-se a produção inicial em série de 30 AMX, dos quais 21 caças ficaram com as empresas italianas e 9 caças ficaram com a FAB. Dos seis protótipos, dois vieram para o Brasil. Calculou-se, na época, que o custo médio de cada aeronave para a FAB chegou a ser de aproximadamente U$50 milhões, inclusos os gastos de engenharia e desenvolvimento. Criticava-se, tanto no Brasil quanto na Itália, os custos, atrasos no desenvolvimento do programa e a eficiência de emprego desses caças.

Elementos de análise para os tomadores de decisão:
Buscarei elencar aqui alguns elementos de análise apontados pela História para que tomemos como lição para os futuros programas de cooperação tecnológica na área de Defesa:

 (1) Quando os brasileiros decidiram participar do consórcio, os empresários italianos já estavam engajados no desenvolvimento de um caça de ataque com escopo já praticamente definido.

 (2) A pouca experiência da FAB em participar de programas de cooperação com alta tecnologia agregada conduziu a Força acreditar que, após a na assinatura do Memorando de Entendimento (MOU), não haveria maiores resistências em modificar o escopo do projeto de caça.

 (3) As inúmeras alterações pedidas pela FAB durante o desenvolvimento do programa de cooperação e os atrasos nos repasses financeiros elevaram exageradamente os custos da aeronave.

 (4) Neste período crítico da década de 1990, as linhas de montagem se encontravam praticamente paralizadas por falta de peças.

 (5) As entregas dos AMX se iniciaram em outubro de 1989 e só se encerraram em 1999. O contingenciamento orçamentário da FAB foi o principal motivo para a demora na entrega das unidades.

 (6) Apenas o quarto e o sexto protótipos eram brasileiros. O quarto protótipo realizou seu primeiro voo em espaço aéreo brasileiro em outubro de 1985, em São José dos Campos, em São Paulo, O sexto protótipo realizou seu primeiro voo no Brasil, em dezembro de 1986. O único piloto de teste brasileiro foi Luiz Cabral, funcionário da Embraer. Embora o Brasil já contasse com pilotos de teste com qualificação para ensaios em voo no exterior, como o major-aviador Aldo Vieira da Rosa (pioneiro nesta área), o major-aviador José Mariotto Ferreira e o engenheiro Michel Cury, a FAB não dispunha de um centro especializado em qualificação para ensaio em voo em território nacional. Somente em 1986, o Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, criou o curso de ensaios em voo para formar pilotos e engenheiros qualificados em planejar, executar e gerenciar atividades de ensaios em voos experimentais. Apesar de, desde 1987, o CTA formar pilotos de testes, somente em 2004, este curso obteve reconhecimento da Society of Experimental Test Pilots (SETP), tornando o Brasil o único país na América do Sul a ter este curso reconhecido internacionalmente.

 (7) Ao longo das décadas de 1980 e 1990, o Brasil sofria uma grave crise econômica. Em função do delicado período político que o País experimentava, a Defesa tinha importância secundária na agenda governamental. Com orçamento contingenciado pelas oscilações da política e da economia nacional, a Embraer foi forçada a demitir 3.994 funcionários só em 1990. Aproximadamente 30% do quadro de funcionários da empresa foram demitidos. Nos anos seguintes, mais funcionários foram demitidos pela empresa.
 (8) A Embraer acreditava que o AMX seria um sucesso de exportação na América do Sul. O custo deste modelo de caça tornou-se muito caro para o período de crise da época. Embora com ênfase em ataques ar-superfície, os jatos de treinamento militar britânicos Hawk tiveram maior êxito comercial do que os caças AMX. O único país que se mostrou interessado em adquirir 12 unidades do AMX foi a Venezuela. No entanto, por pressão dos Estados Unidos, a Embraer ficou impedida de vender os caças para aquele país.

 (9) A Embraer desenvolveu as asas e profundores, tomadas de ar, cabides, trens de pouso, tanques de combustível, pallet de reconhecimento, motores Rolls-Royce Spey Mk 807 sob licença e instalação de canhões nacionais. Ressalva-se que os EUA vetaram o fornecimento dos canhões M-61 A1 de 20 mm com 6 canos giratórios(sistema Gatling), da GE para os caças da Embraer.

 (10) Por último, acredita-se que, embora o AMX tenha inovado em conceitos operacionais a FAB, a instável e isolada burocracia interna da Embraer, mesmo após a privatização, não criou uma política de valorização de recursos humanos estratégicos; o que permitiu que engenheiros e pilotos que participaram de grandes programas de cooperação tecnológica da FAB tivessem sua mão de obra absorvida pelo mercado mundial, abandonassem a área de Defesa ou fossem absorvidos por outras empresas nacionais. Após a privatização da empresa, em dezembro de 1994, a Embraer concentrou seu trabalho na aviação regional e na constituição de parcerias empresariais internacionais, comoa EADS, a Dassault, a Thales e a Snecma. Na área de Defesa, apesar do sucesso dos jatos de treinamento militar Super Tucanos, o fato desta aeronave dispor de componentes estadunidenses, sua comercialização está sujeita aos interesses dos EUA, como já mencionado.

Rumo ao domínio tecnológico para produção de caças

Em função destes elementos de análise citados no programa de cooperação AMX, acredita-se que o Brasil perdeu uma excelente oportunidade de absorver o conhecimento necessário para construir sozinho um avião de caça de superioridade aérea. Fundamental que os gestores dos contratos tecnológicos da FAB e das empresas brasileiras se conscientizem de que, somente após definido o projeto de caça desejado, sejam fechados os contratos com a empresa internacional escolhida. Isso reduzirá o tempo de desenvolvimento e de entrega das aeronaves e, principalmente, reduzirá os custos de investimento no Programa de Cooperação Tecnológica.
Importante considerar que o reduzido avanço na capacitação técnica nacional, tanto na FAB quanto nas indústrias envolvidas, deve ser relativizado. Embora as empresas envolvidas não sejam capazes ainda hoje de produzir sozinhas algumas das tecnologias absorvidas do Consórcio AMX, como as bombas guiadas a laser, é importante considerar os avanços tecnológicos de bombas guiadas que os futuros caças da FAB podem dispor a partir das indústrias nacionais.

O desenvolvimento da bomba guiada por sistemas de navegação inercial e por GPS nacional, a SMKB, é o retrato da capacidade de inovação das indústrias brasileiras. Esta bomba guiada está sendo produzida por meio da união das empresas brasileiras Britanite Defence Systems (agora chamada EAQ, membro do grupo SDS Synergy Defesa & Segurança),  com a Mectron, atual Organizações Odebrecht, desde novembro de 2009. Enquanto a EAQ se encarrega do projeto, dos componentes mecânicos e pela comercialização, a Mectron se encarrega de desenvolver os conjuntos e subconjuntos eletrônicos, como o sistema de guiagem destas bombas.
Se o desenvolvimento tecnológico brasileiro é prioritário na decisão da aquisição dos caças para a FAB, diante da História, o que devemos sempre nos perguntar é até que ponto vai o interesse dos EUA em manter as suas promessas, se já, em muitos outros momentos da História, impediram este desenvolvimento. Neste quesito, ao que parece, tanto o Gripen quanto o Rafale atendem as necessidades da indústria nacional. Como já discutido, se exportar também faz parte dos objetivos futuros da Embraer, nem a Boeing nem a Saab, a qual também conta com tecnologia estadunidense, lhe propiciará isso. Haja visto, como já mencionado os canhões da GE para a Embraer e os Super Tucanos para a Venezuela, vetados pelos EUA. A comercialização de tecnologias com participação dos EUA sempre está condicionada a política deste País.

Conclui-se que, a FAB deve escolher um caça que lhe permitirá dominar todo o ciclo tecnológico. A inovação tecnológica será garantida com a combinação do que os engenheiros e técnicos brasileiros já absorveram de outros programas de cooperação tecnológicos com o que aprenderá se envolvendo neste novo projeto de caça. Nada impede que a FAB tenha um modelo de caça próprio e que, paralelamente, a Embraer desenvolva outro modelo de caça de combate voltado para exportação.
O alto custo de investimento numa aeronave pode ser recompensado tanto por meio dos offsets recebidos pelas indústrias nacionais quanto por meio da própria exportação das aeronaves. É importante ressalvar que, se os nossos técnicos e engenheiros não são capazes de acompanhar o nível tecnológico de aeronaves de quinta geração, é preferível que a FAB adquira uma aeronave de tecnologia mais antiga, a qual os engenheiros e técnicos brasileiros tenham condições de acompanhar e desenvolver. Caso contrário, o custo de uma aquisição tecnológica sairá ainda mais caro para os cofres públicos.

A França, além de dominar tecnologias estratégicas na área de Defesa, tem se comprometido política, militar e estrategicamente, em contribuir com a maior projeção brasileira no sistema internacional. Como afirmou o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau (1841-1929), “a guerra é um assunto muito importante para ser deixado a cargo dos Generais”. Não cabe aqui julgar se o Rafale permitirá ou não a Embraer absorver a capacidade de desenvolver sozinha novos caças de combate aéreo no futuro, mas desconsiderar a História é torná-la cíclica.
Que os tomadores de decisão considerem questões como as que foram expostas ao fecharem o grande acordo para a aquisição de 36 caças para a FAB. Lembrem-se de que, no total dos 120 caças de combate aéreo necessários para a Força, previstos na Estratégia Nacional de Defesa, um dia, num futuro muito próximo, teremos que ser capazes de projetar, construir, operar e manter os nossos próprios caças.
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A DEFESA EM DEBATE
Nam et ipsa scientia potestas est
 
Fernanda Corrêa
Historiadora, estrategista e pesquisadora do
Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense.

Brasil prepara produção de novo míssil para caças

A partir de 2015, a Força Aérea Brasileira receberá o A-Darter, um míssil capaz de manobrar até 10 vezes mais rápido que um avião de combate. A nova tecnologia, fruto de um desenvolvimento conjunto do Brasil com a África do Sul, já está no final da fase de testes e próxima do início da produção em larga escala. Na última quinta-feira (6/12), o Comando da Aeronáutica assinou com a empresa Denel do Brasil o contrato de R$ 1,4 milhão para preparar o parque industrial de São José dos Campos (SP) para a construção do míssil, que deve equipar a versão modernizada do caça A-1 e o futuro F-X2.

A produção do novo míssil deve contar com as empresas Mectron, Avibras e Opto Eletrônica, que são beneficiárias dos projetos de transferência de tecnologia em áreas como sistemas óticos, navegação, sensores e processamento de imagens. O Brasil ingressou no desenvolvimento do A-Darter em 2006, e é co-proprietário dos direitos de propriedade intelectual e industrial do míssil.

De acordo com o Gerente Técnico da Denel do Brasil, Everton de Paula, além de fabricar todos os mísseis que a FAB adquirir futuramente, o parque industrial brasileiro também irá fabricar componentes de unidades que venham a ser exportadas pelo Brasil e pela África do sul para outros países. "Este contrato representa mais uma passo no sentido da concretização da transferência de tecnologia. A tecnologia que nós tínhamos ainda era uma tecnologia de terceira geração. Esse é um salto: vamos para mísseis de quinta geração", afirmou.
Características

Com 2,98 metros de comprimento e 90 kg de peso, o A-Darter é um míssil ar-ar, ou seja, criado para ser lançado de aeronaves contra alvos aéreos. Para isso, conta com um sensor que detecta o calor de aviões e helicópteros para guiagem. A diferença tecnológica é que, ao contrário dos modelos mais antigos, um caça equipado com o A-Darter pode atingir alvos que não estejam só na frente, mas também dos lados e até atrás da aeronave.
Outra tecnologia inédita no Brasil é o empuxo vetorado, que é o direcionamento do jato do motor foguete. Somado ao movimento das quatro pequenas “asas”, o empuxo vetorado confere ao míssil a possibilidade de fazer manobras que alcançam até 100 vezes a força da gravidade (100G), enquanto os aviões de combate não passam de 9 vezes (9G). O míssil também produz menos fumaça que modelos mais antigos, o que dificulta a sua visualização.

O Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, elogiou as características do míssil durante a solenidade de assinatura de contrato com a Denel do Brasil. "Ver o início da produção no Brasil de um míssil de quinta geração é a certeza de que nós estamos dando aos nossos pilotos aquilo de mais moderno", afirmou.
Fonte: Agência Força Aérea, 13 de dezembro de 2012

Grupo italiano Magnaghi chega ao Brasil

Por Virgínia Silveira | Para o Valor, de São José dos Campos

O grupo italiano Magnaghi Aeronáutica comprou 51% do capital da brasileira Friuli Aeroespacial, fabricante de peças aeronáuticas, aeroespaciais e com atuação no segmento de óleo e gás. O valor da aquisição não foi divulgado. A nova companhia mudará a sua denominação social para Magnaghi Friuli Aeronáutica do Brasil.
A operação com os italianos, segundo o presidente da Friuli, Gianni Cucchiaro Bravo, dará mais fôlego financeiro para a empresa continuar fornecendo para a Embraer, sua principal cliente no Brasil. "As pequenas empresas da cadeia aeronáutica no Brasil não conseguem competir com os grandes grupos estrangeiros porque não estão preparadas para fazer peças de maior valor agregado", disse.

Com 700 funcionários e faturamento anual de € 85 milhões, a Magnaghi possui três instalações industriais na Itália, que produzem material composto, e fazem tratamento superficial de peças, usinagem, montagem de peças para trem de pouso e projetos.
A Friuli investiu R$ 6,5 milhões nos últimos dois anos em uma instalação nova de tratamento superficial de peças, que atende a indústria aeronáutica, mas vinha enfrentando dificuldades para diluir o prazo dos financiamentos tomados e de curto prazo.

"A empresa italiana tem mais capacidade técnica e financeira para fazer novos investimentos e transferência de tecnologia para a Friuli", afirmou Bravo. A empresa tem planos de expandir sua capacidade de produção em 2013, com a aquisição de um terreno, ao lado da instalação atual.
O grupo italiano, segundo Bravo, também tem tecnologia para usinagem de peças mais complexas e esse "know how" será repassado para a Friuli, capacitando a empresa para fornecer, não só para o setor aeronáutico brasileiro, como para fabricantes do porte da Boeing, Airbus e Alenia. "A Friuli passa a fazer parte dessa cadeia de fornecedores internacionais através da Magnaghi", afirmou.

A partir da Magnaghi, segundo Bravo, a Friuli se tornará fornecedora do programa de desenvolvimento do avião militar KC-390. "A Magnaghi participará do projeto com o fornecimento de alguns conjuntos e de instalações hidráulicas e peças do trem de pouso."
O presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, disse que a aquisição do controle da Friuli por um grupo estrangeiro é positiva, pois a brasileira terá a oportunidade de se tornar uma plataforma de exportação para outros países do mundo, incrementando seus negócios e garantindo a sua presença no mercado.

A Friuli possui 150 funcionários em São José dos Campos. Atua nas áreas de montagem e usinagem, tratamento superficial e pintura e ensaios não destrutivos. Ao longo dos últimos três anos, a empresa desenvolveu projetos para o setor de defesa e aeroespacial, como um sistema de planeio e guiamento de bombas por GPS.
O projeto foi feito com o apoio da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), que aplicou R$ 4,1 milhões no seu desenvolvimento, por meio do programa de subvenção econômica. "A nossa ideia é apresentar o primeiro protótipo desse sistema durante a realização da feira de defesa LAAD, no Rio de Janeiro, em março do próximo ano", disse Bravo.

Embraer prevê mercado mais competitivo durante 2013

A Embraer prevê um mercado complicado e mais competitivo para 2013, mas acredita que está bem posicionada para manter a liderança no segmento de 60 a 120 assentos. "Temos 43% de participação neste mercado e estamos desenvolvendo ações para manter essa liderança", disse o presidente de aviação comercial, Paulo César de Souza e Silva.

Uma das ações, segundo o executivo, é a remotorização dos E-Jets, que reforçará a posição desses jatos nesse segmento a partir de 2018. Ao longo de 2013, ele diz acreditar que terá boas chances no mercado americano de jatos regionais. "Temos boas perspectivas nos EUA, especialmente agora com o relaxamento do acordo entre os pilotos, conhecido como 'scope clauses', que passou a permitir a operação de aviões regionais acima de 50 assentos.

O executivo da Embraer estima vendas potenciais de 250 a 400 aeronaves nos EUA nos próximos dois a três anos. Entre as companhias aéreas que deverão comprar esses aviões, segundo ele, estão a US Airways, United Airlines e American Airlines. Esta última empresa já teria sinalizado intenção de iniciar o processo de compra de novos jatos em duas semanas.

Os E-Jets da Embraer, diz Silva, detêm uma participação de 30% nos EUA. "São mais de 300 aviões Embraer operando nesse mercado", disse. Entre os principais clientes estão US Airways, Jet Blue e Republic. Essas aéreas também voam para a United, American e Delta, que na semana passada anunciou pedido de 40 jatos da canadense Bombardier.
Na área de defesa, a companhia espera para meados de fevereiro a licitação do governo americano para a compra de aviões Super Tucano, informou o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar. A data anterior da concorrência estava prevista para janeiro.

A licitação prevê a entrega de até 55 aeronaves para uso em operações de treinamento avançado e ataque leve, como ações antiguerrilha. A entrega, segundo Aguiar, caso seja vencedora, começará no prazo de um ano desde a assinatura do contrato. Atualmente, a Embraer já tem 1005 funcionários nos EUA.
Essa divisão prevê encerrar o ano com um aumento 15% na receita em 2012. Os pedidos firmes cresceram US$ 100 milhões, informou Aguiar. A receita total deve atingir US$ 1 bilhão, com recorde histórico para esta área. (VS)

Valor, 13 de dezembro de 2013
Virgínia Silveira

Dilma na Rússia

Jatos da Embraer recebem certificação

A Embraer receberá hoje certificação da Rússia para seus jatos regionais E-190 e 195, de 90 a 124 assentos, entrando no mercado russo, em um segmento com potencial de aquisições de até US$ 15 bilhões nos próximos 20 anos. O anúncio coincidirá com a presença da presidente Dilma Rousseff na capital russa, concluindo um processo de três anos, retardado por causa da preocupação do governo Putin com o impacto sobre a produção local de jatos regionais.

"Trata-se de um tremendo potencial", afirmou o vice-presidente de relações institucionais da Embraer, Jackson Schneider, sobre a certificação. Os jatos menores da Embraer já têm o sinal verde para venda. Estudo da Embraer projeta crescimento de 5% a 6% do mercado de jatos regionais na Rússia até 2030. O país precisará de 445 novos jatos regionais de 33 a 120 assentos. Isso representa 7% do mercado global desse segmento.
No caso dos aparelhos E-190 e 195, a necessidade russa é estimada em 300 aparelhos em 20 anos, representando de US$ 12 bilhões a US$ 15 bilhões de negócios.

A Embraer abriu escritório em Moscou, de olho numa expansão rápida de negócios. "O mercado russo está muito pulverizado, com muitas companhias, e há muito potencial para a Embraer", disse o embaixador do Brasil na Rússia, Carlos Paranhos. Conforme o diplomata, a Embraer quer tanto obter encomendas para linhas de longos voos como planeja exploração de leasing de aparelhos de menor porte, aproveitando os planos de substituição da frota russa, que está ficando cada vez mais defasada e de manutenção custosa.
Paranhos confirmou que a Embraer chegou a abrir conversas com produtores regionais russos sobre produção conjunta, mas isso não prosperou. Agora, segundo o diplomata, há projetos de eventual produção sob licença de aviões da Embraer no Tatarstão, uma das repúblicas da Federação Russa.

"Há mercado para todos", comentou Jackson Schneider, ao ser indagado sobre a concorrência com o Sukhoi, o jato regional que a Rússia tenta desenvolver e que também terá cem assentos.
Outro fabricante brasileiro que tentará explorar o mercado russo é a Marcopolo, maior construtora de ônibus do país, que lançará o primeiro veículo produzido em parceria com a empresa russa Kamaz. O veículo tem tecnologia e design brasileiros. Um ônibus será colocado em frente ao hotel Ritz, onde está hospedada a presidente Dilma Rousseff.

O embaixador brasileiro em Moscou, Carlos Paranhos, destaca que empresas dos dois países demonstram crescente interesse nos mercados recíprocos.
A Gazprom, o gigante russo estatal de energia, abriu um escritório no Rio de Janeiro e tem interesse em participar, com a Petrobras, da exploração de fatias do pré-sal, aproveitando sua tecnologia na área de gás. A presidente da Petrobras, Graça Foster, acompanha a presidente Dilma a Moscou para discutir eventual cooperação com os russos.

A companhia TNK-BP adquiriu uma fatia de empresa brasileira para exploração de petróleo na área do rio Solimões, na Amazônia. Severstal e Mechel, do setor siderúrgico, tambem têm participação em companhias brasileiras.
Por seu lado, o grupo JBS continua produzindo carne industrializada na Rússia, inclusive para o Mc Donald's, segundo o embaixador. A Weg, produtora de motores, ampliou os negócios no país.

Os russos querem aproveitar a visita de Dilma também para vender armamentos. Fora do projeto FX2, de compra de 36 jatos de combate, os russos querem vender sistemas de defesa antiaérea, participar de construção de usinas nucleares e tambem da reconstrução da base aeroespacial de Alcântara, no Maranhão. (AM)
Valor, de Moscou, 13 de dezembro de 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Empresa brasileira Lança antivírus 100% nacional



Defesa BR será vendido inicialmente apenas para clientes corporativos. Produto foi feito em parceria com o Exército Brasileiro

A BluePex, empresa brasileira especializada em soluções para a segurança da informação anunciou o lançamento do antivírus Defesa BR, 100% desenvolvido em território nacional.  De início, o software está disponível apenas para o mercado corporativo e para órgãos públicos. Esse lançamento é uma evolução da parceria realizada entre a BluePex e o Exército Brasileiro para fornecimento de tecnologia antivírus.

O contrato entre a BluePex a o Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CCOMGEX) foi feito em janeiro de 2012 para o fornecimento de licenças de uso de seu antivírus e implementação de um laboratório de análise de vírus nas instalações do Exército, em Brasília.

 A parceria visa também o desenvolvimento conjunto do antivírus, contribuindo para o fortalecimento da tecnologia brasileira para a defesa. Segundo o IDG Now, o contrato é válido por dois anos.

Vendas

O Defesa BR será comercializado exclusivamente pelos mais de 30 canais da BluePex em todo o Brasil. A empresa também fará em paralelo ao lançamento uma campanha de expansão da rede de revendas, buscando aumentar a capilaridade do produto.

“Embora já contemos com uma rede abrangente em todo o território nacional, ofereceremos condições especiais de remuneração para as revendas que tiverem o interesse de incluir o Defesa BR em seu portfólio. Além disso, ofereceremos todo o treinamento e suporte necessário para que comercializem a ferramenta”, afirma Ulisses Penteado, vice-presidente da BluePex.

 O Defesa BR pretende trazer maior estabilidade no trabalho com grandes redes, permitindo assim que ele seja utilizado em grandes empresas e órgãos públicos, locais que contam com milhares de estações de trabalho, sem maiores problemas. A versão corporativa apresenta recursos como painéis e controle, indicadores de desempenho e de ferramentas para que o gestor possua uma maior autonomia na administração do antivírus.

 "Com um fornecimento das licenças de uso e implementação de um laboratório de análise e vírus nas instalações do Exército, a BluePex passou a atuar em uma das maiores redes do País, com mais de 60 mil estações. O conhecimento que estamos ganhando com esse projeto já está embarcado no Defesa BR", afirma Ulisses Penteado. "O Defesa BR chega ao mercado com uma estrutura de servidores potente, e com base de malwares e sites maliciosos ampliada, o que torna o antivírus ainda mais eficiente em relação às ameaças que existem no Brasil", diz Penteado.

Fonte: CCOMGEX, 11 de dezembro de 2012

Comunicado de Brasil e França destaca cooperação em defesa




Brasília, 12/12/2012 – Brasil e França manifestaram o interesse de manter e aprofundar a cooperação em matéria de defesa, com participação conjunta no acompanhamento da transferência de tecnologia, em benefício da indústria de defesa dos dois países. O anúncio foi feito ontem, em Paris, em um comunicado conjunto divulgado ao fim do encontro entre a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da República Francesa, François Hollande.

“Os presidentes do Brasil e da França saúdam o amplo escopo, a qualidade e a densidade da cooperação bilateral em matéria de defesa. A participação do Brasil nas consultas para elaboração do Livro Branco sobre a Defesa e a Segurança Nacional francês demonstra o alto nível de confiança que se estabeleceu entre o Brasil e a França ao longo dos anos”, aponta o comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil.

Atualmente, o Brasil desenvolve com a França um de seus maiores projetos de modernização de meios operativos militares: o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que inclui a construção de quatro submarinos convencionais diesel-elétrico e a fabricação de um submarino movido a propulsão nuclear.

“Com base na boa implementação dos programas em curso, os presidentes recordam o interesse compartilhado na cooperação entre dois países que são comparáveis e complementares em diversos aspectos, industriais e tecnológicos, assim como em sua concepção das questões estratégicas e em sua busca de autonomia”, diz o texto divulgado ontem.

Segundo o documento, a cooperação ocorrerá nas áreas aeronáutica, naval, terrestre e espacial. Caberá aos ministros da Defesa dos dois países formularem novas propostas de cooperação nessas áreas, reportando-as ao longo de 2013.

A declaração conjunta destaca ainda o desejo de Brasil e França aprofundarem o relacionamento entre as Forças Armadas dos dois países, por meio de reuniões de Estado-Maior e de planos de cooperação bilateral. “O objetivo principal é reforçar a interoperabilidade das Forças, adensar o intercâmbio em matéria de doutrina e de organização e desenvolver a formação dos quadros de defesa”.

Por fim, o documento menciona a intenção de brasileiros e franceses em elevar o nível da cooperação operacional na fronteira comum da Guiana Francesa, promover e facilitar a participação conjunta em operações sob mandato das Nações Unidas, como a que ocorre no Haiti, e incrementar as atividades comuns nos espaços de interesse compartilhado no Atlântico Sul e no Caribe, assim como na África Ocidental e no Golfo da Guiné.

Além da cooperação em defesa, o comunicado aponta a disposição em fortalecer a concertação política entre os dois países, cooperar para aumentar o volume do intercâmbio comercial, apoiar a cooperação nos campos da ciência, da tecnologia, da inovação e da indústria e explorar oportunidades de parcerias no setor energético.

Fonte: Ministério da Defesa, 12 de dezembro de 2012

Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial assina acordo de cooperação com a Boeing




O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) de São José dos Campos assinou nesta terça-feira (11) acordo com a Boeing para a investigação e desenvolvimento de projetos tecnológicos de interesse mútuo. O documento foi assinado pelo Diretor-Geral do DCTA, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Ailton dos Santos Pohlmann, e pelo Vice-presidente e Gerente Geral da Boeing Research and Technology, Matt Ganz.

Para o diretor do DCTA, a assinatura do memorando é um momento ímpar. “Estamos dando o passo inicial para desenvolver no futuro um trabalho bastante importante para o país”, afirma o Tenente-Brigadeiro. O vice-presidente da Boeing, ressaltou a importância do momento para a multinacional. “Esforçamo-nos para trabalhar mundialmente com os mais renomados pesquisadores para desenvolver tecnologias aeroespaciais que beneficiem nossos clientes”, explica Ganz.

O acordo estabelecido entre o DCTA e a Boeing envolve o desenvolvimento em colaboração de pesquisas nas áreas de interesse das duas instituições, como a ciência de voo, energia e o meio ambiente, através das organizações do DCTA: o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e o Instituto de Estudos Avançados (IEAv).


Fonte: DCTA, 12 de dezembro de 2012