08 de dezembro de 2012 | 9h 44
MARINA GAZZONI E GLAUBER GONÇALVES - Agência Estado
SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO - O grupo Synergy, controlador da
companhia aérea Avianca, fez, na sexta-feira (07) uma proposta para a aquisição
de 100% da portuguesa TAP. O Synergy é único grupo que participa da fase final
do processo de privatização da companhia aérea portuguesa. O fechamento do
negócio depende da aprovação de autoridades locais.
O empresário José Efromovich, presidente da Avianca Brasil e
controlador do grupo Synergy ao lado do irmão German, confirmou que a empresa
segue no processo de aquisição da TAP, mas não revelou o valor oferecido pela
aérea portuguesa.
Os irmãos Efromovich vão utilizar sua cidadania polonesa
para comprar a totalidade da TAP. O artifício visa atender a legislação
europeia, que proíbe que grupos de fora da região sejam controladores de
companhias aéreas sediadas na Europa. "Meu pai e meus avós são nascidos na
Polônia. Já tínhamos a naturalização. Essa questão do capital estrangeiro está
superada", disse José Efromovich.
O empresário diz que a aquisição da TAP "tem todas as
sinergias do mundo" com as outras duas companhias aéreas do grupo - a
Avianca Brasil e a colombiana. A TAP é a companhia aérea estrangeira que voa
para a maior quantidade de destinos no Brasil - são dez cidades no total. A
empresa é líder na rota entre Brasil e Europa e leva cerca de 30% dos
passageiros que viajam entre os dois continentes.
"Quando o negócio fechar, a primeira coisa que vamos
fazer é integrar as malhas da TAP e da Avianca para levar mais passageiros da
Europa para toda América Latina", disse Efromovich. O primeiro passo nesse
sentido será um pedido de code share (compartilhamento de voos), que permitirá
que uma empresa venda passagens da outra.
Apesar da atual crise na Europa, Efromovich entende que a
aquisição de uma empresa portuguesa ainda é um negócio atrativo. "Existe
uma demanda de turismo e de negócios entre Europa e América Latina que sempre
fará as pessoas viajarem de lá para cá."
Cronograma. O governo português terá de decidir agora se
aceita ou não a oferta dos irmãos Efromovich. A expectativa dos portugueses é
que a decisão seja tomada até o fim do ano.
A análise do documento entregue pelo grupo será feita pelo
Conselho de Ministros, que se reunirá nos dias 20 e 27 de dezembro. Procurados,
o Ministério das Finanças e a Parpública, empresa pública que gerencia as
participações do governo português em empresas, não deram detalhes sobre a
proposta apresentada pelo grupo Synergy.
Disputa
Ao longo do processo de privatização, a TAP atraiu o
interesse de gigantes do setor. A IAG, controladora da British Airways e da
Iberia, chegou a manifestar disposição em disputar a aérea, que acumula dívidas
de 1,2 bilhão de euros. No mercado, circularam rumores de que a asiática Qatar
Airways e a alemã Lufthansa também estariam de olho no negócio.
O governo português nunca escondeu que gostaria que um grupo
brasileiro entrasse na disputa pela sua companhia aérea estatal. Autoridades do
país estiveram no Brasil no fim do ano passado e neste ano para tratar do tema
com representantes do governo brasileiro e com companhias aéreas nacionais.
Além dos controladores da Avianca, executivos da TAM, Gol e
Azul foram procurados pelos portugueses. A crise no setor aéreo e a alta do
dólar neste ano, que vem afetando a rentabilidade das companhias brasileiras,
levaram as empresas a adotar uma postura mais conservadora e ficar de fora da
disputa. A única brasileira que se interessou pelo negócio foi a Avianca, por
meio do seu grupo controlador. As informações são do jornal O Estado de
S.Paulo.
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