O Estado de S. Paulo, 29 de agosto de 2012
Eleição nos EUA ajuda as vendas da Taurus
Vendas da fabricante gaúcha de armas subiram 16,5% na
América do Norte no 1º semestre
FERNANDO SCHELLER - O Estado de S.Paulo
Nos últimos cinco anos, a fabricante gaúcha de armas Taurus
cresceu, em média, 8% ao ano em seu principal mercado - a América do Norte,
onde se concentram 55% de suas vendas. No primeiro semestre deste ano, no
entanto, o ritmo de expansão dobrou, atingindo 16,5%. Tudo graças à eleição
presidencial e à "ameaça" de reeleição de Barack Obama, que aparece
tecnicamente empatado com o republicano Mitt Romney nas pesquisas.
Explica-se: todas as vezes que a eleição se aproxima, o
cidadão americano aficionado em armas prefere se prevenir de uma possível
restrição ao porte de armas a ser promovida por uma eventual nova administração
democrata. "As vendas sobem muito", diz a diretora de relações com
investidores da Taurus, Doris Wilhelm. A empresa gaúcha, que chegou ao país em
1983, onde mantém uma fábrica na Flórida, detém hoje 20% do mercado americano
de armas para pessoas físicas. Seus produtos estão à venda até na rede
varejista Walmart.
A Taurus faturou R$ 618 milhões no ano passado - desse total,
cerca de 75% vêm da venda de armamentos. O restante tem origem no setor de
metalurgia e plástico, no qual se destacam as vendas de capacetes para
motociclistas. Para este ano, o objetivo da companhia é crescer 13%, chegando à
receita de R$ 700 milhões - meta que pretendeatingir, em boa parte, graças à
maior disposição do consumidor americano de buscar novidades em armas. O
interesse vai da proteção pessoal às coleções, passando também pela caça.
Para manter a relevância nos Estados Unidos, conta Doris, a
empresa investiu em lançamentos e também em marketing. Entre as novidades
recentemente apresentadas no país estão uma pistola "slim", mais
leve, que as mulheres podem carregar na bolsa. A empresa também tem uma nova
garota-propaganda: Jessie Harrison Duff, vencedora do campeonato americano de
tiro prático pelo time que leva o nome da empresa brasileira.
Em busca de novos nichos, a companhia adquiriu em abril
último a Heritage, uma empresa de pequeno porte especializada na confecção de
réplicas de armas usadas no Velho Oeste americano. "São iguais às usadas
por Clint Eastwood nos filmes de faroeste - só que funcionam", explica a
executiva da Taurus.
Brasil. O Brasil é o segundo mercado da Taurus. Concentra
duas fábricas de armamentos - uma em Porto Alegre e outra em São Leopoldo (RS)
- e responde por 41% das vendas (os 4% restantes vêm das exportações para um
total de 70 países). Por aqui, no entanto, o posicionamento de mercado é bem
diferente do americano. "É bem mais complicado conseguir o porte pessoal
de armas no Brasil", diz Doris. "Além disso, a nossa cultura é
diferente, não vemos o porte de armas como um direito essencial, como os
americanos veem."
Por aqui, a expansão está concentrada especialmente nas
áreas de segurança pública, que engloba os equipamentos para a polícia, as
Forças Armadas e as empresas de segurança privada e de patrimônio. Com a
expectativa de ser beneficiada por programas de governo que priorizam as
empresas de armamentos de capital nacional, a Taurus está aumentando o leque de
produtos, de olho em tendências para o mercado brasileiro.
A empresa, que já fabricava revólveres, pistolas e
espingardas, lançou seu primeiro fuzil de asfalto, de olho nas necessidades do
Exército, no mês passado. A companhia criou ainda uma versão "genérica"
do fuzil AR-15. Agora, desenvolve soluções que podem ser usadas durante a Copa
do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016: as armas não letais. Nessa linha, a
Taurus desenvolveu lançadores de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral,
usadas para dispersar multidões.
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