Valor
Econômico de 30 de agosto de 2012
Francesa
Thales troca sua sede na AL e centraliza os negócios no Brasil
Por Virgínia
Silveira | Para o Valor, de São Paulo
A partir da
próxima semana, a francesa Thales estará transferindo a sua sede na América
Latina do México para o Brasil. O escritório em São Paulo, que está sendo
ampliado, será comandado pelo vice-presidente da Thales na região, Cesar
Kuberek, e o diretor geral da empresa no Brasil, Julien Rousselet. Único país
da América Latina que tem hoje vários projetos de grande porte em cada linha de
negócios da Thales, o Brasil se tornou estratégico para suas operações nas
áreas de defesa e segurança. Mais de 70% dos radares de tráfego aéreo hoje
instalados no país são da companhia.
"Os
projetos estruturais do Brasil na área de monitoramento de fronteiras
marítimas, aéreas e terrestres colocam o país em uma liderança evidente em
comparação com os países vizinhos da região", disse o vice-presidente
Cesar Kuberek.
Segundo
estimativa feita pela Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais
de Defesa e Segurança), os investimentos no setor de defesa no país devem
movimentar negócios da ordem de US$ 120 bilhões nos próximos 20 anos. "Na
área de transportes, onde a Thales também tem uma atuação forte, o governo
brasileiro programou investimentos da ordem de 50 bilhões de euros",
destacou o executivo.
O primeiro
projeto da Thales nessa área no Brasil foi para o metrô de São Paulo, com o
desenvolvimento do sistema de sinalização do monotrilho da nova linha 17. O
projeto do trem de alta velocidade e a implantação de sistemas de pedágios em
rodovias, segundo ele, também estão na lista de prioridades da Thales no
mercado brasileiro.
No projeto do
metrô de São Paulo, a Thales foi subcontratada pela CR Almeida e Andrade
Gutierrez, que também é parceira da empresa em alguns projetos na área de
defesa. A Thales e a AG disputaram juntas a licitação do Exército, vencida pela
Embraer, para fazer a primeira etapa do Sisfron (Sistema de Monitoramento de
Fronteiras), envolvendo uma área de 650 quilômetros.
Para o
vice-presidente da Thales, o fato de a empresa não ter vencido a primeira etapa
dessa licitação, não impede que ela participe de outros projetos no âmbito do
Sisfron. O monitoramento das regiões de fronteira do Sisfron contempla uma área
total de 17 mil quilômetros quadrados. Temos uma boa proposta técnica e de
transferência de tecnologia para oferecer ao Exército", argumentou
Kuberek.
O executivo
conta que já forneceu para o Exército Brasileiro um sistema de comunicações
multimídia para intercomunicação em campo de batalha digital. O sistema,
batizado de Sotas, foi adquirido para equipar os veículos de combate do
Exército, entre eles o Urutu, o Guarani e o M-113. A tecnologia foi desenvolvida
no Brasil por meio da Omnisys, adquirida pela Thales em 2011.
A Omnisys se
tornou um dos centros globais de Pesquisa e Desenvolvimento da Thales e, a
partir dela, pretende colocar em práticas seus projetos de transferência de
tecnologia de interesse do governo brasileiro.
O brasileiro
Edgard Menezes, presidente da Omnisys, diz que desde a entrada da Thales na
empresa, em 2005, seu faturamento expandiu, tendo fechado 2011 com uma receita
total de R$ 80 milhões. "Em 2001, quando tínhamos apenas três
funcionários, a nossa receita girava em torno de R$ 1 milhão. Hoje, temos 226
colaboradores", ressalta.
Outro exemplo
de transferência de tecnologia importante para a Ominisys, segundo Menezes, é o
radar de banda L, para controle de tráfego aéreo, que desenvolveu para o Brasil
e já exportou para a China e outros países. Dos 30 radares já produzidos no
Brasil, 12 foram exportados. O projeto de desenvolvimento contou com o apoio da
Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e o investimento total foi da ordem
de R$ 10 milhões.
Entre os
projetos em andamento, a Thales destaca ainda o desenvolvimento do radar
autodiretor do novo míssil brasileiro antinavio para a Marinha, que substituirá
o atual míssil Exocet.
No segmento
espacial, a Thales, uma das líderes no mundo, está de olho no projeto do
primeiro satélite geoestacionário brasileiro, que será comprado de um
fornecedor externo até 2014 e para o qual já existe uma verba de R$ 720
milhões. "A nossa expectativa é que o RFI (sigla em inglês para pedido de
informações) seja enviado para as empresas ainda em setembro", comentou.
Na área de segurança, a Thales quer replicar no Brasil a experiência desenvolvida para a Cidade do México, com implantação de oito mil câmaras de segurança e cinco centros de controle policial, informou Julien Rousselet.
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