Defesa. Fabricante de São José dos Campos (SP) fornecerá a
versão mais avançada do lançador de foguetes de artilharia Astros-2 para
batalhões especiais do Exército do país asiático; para cumprir o contrato,
empresa abrirá escritório na capital Jacarta
21 de novembro de 2012
ROBERTO GODOY - O Estado de S.Paulo
A versão mais avançada do lançador de foguetes de artilharia
Astros-2, vai equipar batalhões especializados do Exército da Indonésia. Há
duas semanas, em Jacarta, a Avibrás Aeroespacial, de São José dos Campos (SP),
assinou o acordo comercial para fornecer pouco mais de US$ 400 milhões - cerca
de R$ 800 milhões - em unidades do sistema de armas.
O contrato é amplo: envolve dois grupos completos do Astros
- carretas lançadoras, blindados de comunicações, comando e controle, e
viaturas para o radar de coordenação, junto das centrais de meteorologia.
O tamanho exato do pacote está protegido por cláusula de
confidencialidade. No entanto, o número é estimado em 40 veículos. O sigilo
protege também as especificações do tipo de munição escolhido. O sistema emprega
foguetes com alcance entre 9 e 100 quilômetros. Os modelos maiores, SS-60 e
SS-80, podem receber ogivas múltiplas, levando até 70 pequenas granadas,
dispersadas sobre o alvo.
A versão selecionada pelos indonésios é a Mk-6, a mais
avançada do portfólio da Avibrás. Ainda não é a série 2020, definida pelo
Exército brasileiro, e que utilizará misseis de cruzeiro para atingir objetivos
a 300 quilômetros, além de um foguete guiado com possibilidade variada de
configuração. O programa é prioritário no Ministério da Defesa, incluído no
PAC-Equipamentos pela presidente Dilma Rousseff. Foram liberados R$ 45,3
milhões para a fase inicial. O custo total é de R$ 1,09 bilhão.
O Astros da Indonésia sairá da fábrica com pesada carga
eletrônica. Isso permitirá a futura incorporação da nova munição inteligente
que cumpre atualmente as etapas de certificação - é o caso do míssil, por
exemplo.
Para o ministro da Defesa, Celso Amorim, "o negócio
mostra a importância de o Brasil dedicar-se ao trabalho com novos protagonistas
e parceiros". Para Amorim, "a Indonésia tem grande importância no
contexto mundial e já adquiriu aviões Super Tucano da Embraer". A aviação
de Jacarta adquiriu 16 turboélices, no arranjo de ataque leve, vigilância
eletrônica e apoio à tropa terrestre.
Concorrência pesada. Para cumprir o contrato, a Avibrás vai
instalar um escritório técnico na capital indonésia. É o segundo da empresa na
região. O primeiro é o de Kuala Lumpur, na Malásia, país onde o Astros faz
parte de um comando estratégico desde 2010. A encomenda do exército malaio
bateu em R$ 500 milhões.
"A concorrência na Indonésia foi muito pesada",
diz o presidente da empresa, Sami Hassuani. A negociação começou em 2008 e
exigiu "agilidade e prova de capacidade técnica o tempo todo". O
resultado, entretanto, é bastante bom. Sami estima que os documentos finais
serão firmados em no máximo 90 dias e as entregas finalizadas em três anos,
"mas a convivência com o cliente vai se estender por até 30 anos".
Esse tempo, no entendimento do mercado de equipamento
militar, é o que é dedicado ao aperfeiçoamento tecnológico, encomendas
suplementares e sobretudo ao atendimento da abertura de novas parcerias. O
impacto da encomenda indonésia será grande no polo industrial de São José dos
Campos. Na Avibrás, já se sabe, serão criadas 300 empregos diretos - e 600
outros na cadeia dos fornecedores, quase todos da região do Vale do Paraíba.
A assinatura do protocolo inicial foi no dia 8, em Jacarta,
pelo diretor da Agência de Aquisições do Ministério da Defesa indonésio, Ediwan
Prabowo, e por Sami Hassuani. Dois dias depois, o presidente do país, Susilo
Bambang Yudhoyono, viu uma carreta lançadora do Astros, já pintada com as cores
do exército local e armada com quatro foguetes SS-80.
A apresentação, na feira de material de defesa Indo Defence,
implicou uma operação complexa. A fabricante não tinha um veículo de
demonstração. Mandou para a Indonésia uma unidade operacional, de série - um
carro de guerra, pronto para o combate.
O prazo era curto. Um jato cargueiro Boeing 747 foi fretado
pela Avibrás para levar toneladas de material por metade do planeta sem risco.
Deu certo.
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