Brasília, 28/11/2012 – A recuperação da capacidade
operacional das Forças Armadas e o desenvolvimento de projetos ligados aos três
eixos estruturantes da Estratégia Nacional de Defesa (END) e do Programa de
Articulação e Equipamentos de Defesa (PAED) – cibernético, aeroespacial e
nuclear – marcaram o último painel do Seminário Estratégias de Defesa,
realizado no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados.
Durante mais de duas horas, militares representando o
Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA),
fizeram detalhamento minucioso daquilo que planejam para o horizonte de 35
anos. O seminário foi promovido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional da Câmara, com apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea).
Coube ao chefe de Operações Conjuntas (Choc), EMCFA/MD,
brigadeiro Ricardo Machado Vieira, a abertura do painel “Os grandes projetos
estratégicos das Forças Armadas”. O brigadeiro Machado fez sua exposição com
base nas diretrizes traçadas pela END e pelo PAED. O militar apresentou os
eixos estruturantes que cabem às Forças Armadas e os principais projetos em
desenvolvimento por elas.
“Precisávamos de um
plano para as nossas Forças Armadas dispostas em forma mais lógica. Por isso
buscamos prioridades em áreas estratégicas”, disse o brigadeiro Machado.
Submarino nuclear
Após a apresentação das diretrizes gerais, os
oficiais-generais representando os comandantes da Marinha, do Exército e da
Força Aérea Brasileira (FAB) deram detalhes daquilo que vem sendo tocado. O
contra-almirante Antonio Fernando Garcez Faria relatou que a Marinha tem
trabalhado em projetos na área nuclear que se divide no ciclo de combustível e
no laboratório de geração núcleo-elétrica (LABGENE).
Além disso, a Marinha trabalha no âmbito do núcleo de poder
naval no desenvolvimento dos navios-patrulha de 500 toneladas – corveta classe
Barroso. A meta é incorporar 46 desses navios. A Força também age no programa
de obtenção de meios de superfícies com os navios-patrulha adquiridos
recentemente na Grã Bretanha.
O navio-patrulha oceânico Amazonas foi o primeiro de três
unidades a ser incorporado para atuar na região denominada “Amazônia Azul”. Nas
próximas semanas, a Marinha receberá a segunda embarcação em Londres, sendo o
terceiro no primeiro trimestre do próximo ano.
Numa outra frente, a Força Naval trabalha no projeto de
construção de submarinos convencionais e a propulsão nuclear no polo de Itaguaí
(RJ). O esforço concentrado tem por finalidade, também, permitir a segurança da
navegação.
Já na parte de tropas, a Marinha planeja constituir a 2ª
Esquadra da 2ª Força de Fuzileiros que deverá ser instalada próximo à foz do
rio Amazonas. Deste modo, o litoral brasileiro estaria sendo coberto pelos
fuzileiros numa área que vai do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS).
Sete projetos do Exército
Em seguida, o general-de-brigada Luiz Felipe Linhares Gomes,
chefe do Escritório de Projetos do Exército, apresentou os setes projetos
estratégicos da Força. O primeiro deles é o Guarani – que tem por finalidade
produzir o carro de combate substituto do Urutu e do Cascavel. Segundo o
general, serão adquiridas 102 unidades de combate, mas antes dessa remessa, a
Iveco produzirá 14 para a Argentina.
“Isso será importante, pois o Brasil irá exportar esses
equipamentos, agregando divisas à balança comercial”, disse o militar ao
explicar que o projeto é viável economicamente para o país.
O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron)
foi o segundo projeto apresentado na palestra das Forças Armadas. De acordo com
o general Luiz Felipe, o projeto piloto a cargo do braço de indústria de defesa
Embraer, vencedora da licitação, será desenvolvido em Dourados (MS). Além
disso, o Exército trabalha com o projeto Proteger, que tem foco nas 664 bases
de infraestrutura do país, como porto, aeroportos, usinas nucleares e
hidrelétricas, bem como redes de comunicação.
O Exército tem também o projeto Astros 2020, Centro de
Defesa Cibernética (CDCiber) e o Recop (Recuperação da Capacidade Operacional).
O militar enfatizou em discurso que o investimento em defesa não tem custo.
Segundo ele, o leque de projetos e programas permitirá, entre outras questões,
gerar mais emprego, desenvolver a indústria nacional e transferir tecnologia.
Soberania do espaço aéreo
O brigadeiro Osmar Machado, da 6ª Subchefia do Estado-Maior
da Aeronáutica, apresentou os projetos da Força Aérea. Ele começou a exposição
informando que o Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER), para
2010/2013, na prática traz as determinações da END e do PAED, documentos do
Ministério da Defesa. O plano prevê entre outras coisas o aumento da capacidade
operacional da FAB e a capacitação científica e tecnológica da Força.
“Qualquer projeto dentro da FAB tem que chegar à missão
principal que é manter a soberania do espaço aéreo do Brasil”, destacou.
A Aeronáutica atua em projetos como o F-5M com lote de 46
aeronaves, sendo que 44 aviões já foram incorporados. Também age no A-1M de
modernização de 43 aviões cuja entrega deve ser concluída até o próximo ano. O
brigadeiro disse também que na Operação atlântico III, que ocorre entre o Rio
de Janeiro e o Rio Grande do Sul, entrou em ação o P-3AM, que tem por missão
assegurar o patrulhamento marítimo.
Na exposição, o militar disse também que a Força Aérea tem
projetos como o A-29 (caça leve), o KC-390 – avião para transporte de tropas e
cargas, além de outras funções – e os helicópteros H-XBR, que terão 50 unidades
entregues para a Marinha, o Exército e a Aeronáutica, e Presidência da
República.
A FAB tem os veículos aéreos não tripulados (vants), com
dois equipamentos já em fase de testes pela Força. Já o projeto F-X2 – um dos
temas mais esperados pela plateia –, o brigadeiro Osmar Machado informou que
encontra-se em fase de decisão por parte da presidenta Dilma Rousseff.
“Posso apenas informar que qual seja a decisão do projeto
escolhido atenderá muito bem à FAB”, encerrou.
Após as apresentações, o público pôde formular indagações.
Em seguida, o seminário foi encerrado pelo deputado Hugo Napoleão (PSD-PI) e
pela presidenta da Comissão, deputada Perpétua de Almeida (PCdoB-AC).
Fonte: Ministério da Defesa, 28 de novembro de 2012
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