Da Folha de S. Paulo (10 de setembro de 2012).
Interessadas em fornecer aeronaves à FAB buscam aproximação
com governo dando bolsas para programa de Dilma
Expectativa é que investimento tenha resultados na disputa
por negócio estimado em até R$ 16 bilhões
ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO
Enquanto esperam sinais do Planalto sobre a compra de 36
caças para a FAB (Força Aérea Brasileira), as três empresas concorrentes buscam
se aproximar do governo investindo num programa que é a menina dos olhos da
presidente Dilma Rousseff.
No limbo desde o fim do governo Lula, a americana Boeing, a
sueca Saab e a francesa Dassault decidiram apostar no patrocínio de bolsas para
alunos brasileiros pelo Ciência sem Fronteiras.
O programa é bandeira de Dilma e visa promover a expansão de
ciência e tecnologia por meio de intercâmbios. Ele já teve 5.978 bolsas
implementadas até julho -cerca de 6% do que o governo federal pretende em
quatro anos.
Representantes das empresas e dos governos envolvidos na
negociação dos caças não escondem a expectativa de que a ação surta resultados
na escolha do governo brasileiro sobre o negócio, estimado em até R$ 16
bilhões.
"Acho que demonstrar seu compromisso além da venda de
bens ou serviços ajuda qualquer empresa americana", disse à Folha
Francisco Sánchez, subsecretário de Comércio dos EUA, logo depois de se
encontrar com representantes da Boeing no Brasil durante visita a São Paulo, na
última semana.
O último contato feito pelo governo federal com as empresas
interessadas no fornecimento dos caças foi por meio de uma carta, em junho,
pedindo a extensão das propostas (termos, condições e valores) até 31 de
dezembro.
As ofertas dos caças Rafale (Dassault), F-18 Superhornet
(Boeing) e Gripen NG (Saab) haviam sido apresentadas ainda no governo Lula.
ESTRATÉGIA
O diretor de estratégia da Saab, Dan Jungblad, que esteve no
Brasil nos últimos dias, também disse "esperar" que a participação
ajude na aproximação com o governo.
"No meio-tempo [enquanto a decisão não é tomada],
trabalhamos com o Ciência sem Fronteiras e com projetos de transferência de
tecnologia e inovação", disse.
A Saab já selecionou nove estudantes de doutorado e
pós-doutorado para terem os cursos financiados em universidades da Suécia. Em
2011, a empresa anunciou que pretendia cofinanciar cerca de cem bolsas.
A Boeing pediu ao governo uma lista com todos os graduandos
em engenharia aeroespacial e aeronáutica inscritos no programa -14 já estão
estudando nos EUA desde janeiro. A intenção, segundo a empresa, é repetir a
concessão de bolsas em 2013.
Representantes do consórcio francês Rafale no Brasil dizem
ajudar o governo francês na concessão das bolsas.
Por um acordo assinado em dezembro de 2011, entre os dois
governos, a França prometeu 10 mil bolsas.
"Caso o [caça] Rafale seja o escolhido, a parceria
entre Brasil e França irá aumentar exponencialmente, tanto para o intercâmbio
de estudantes e estágios em empresas francesas quanto para pesquisa e
desenvolvimento", disse, em nota, Jean-Marc Merialdo, do consórcio Rafale.
As empresas não revelam os gastos com as bolsas.
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