Valor, 28 de setembro de 2012
Por Alberto Komatsu e Cynthia Malta / De São Paulo
A TAM Linhas Aéreas vai reduzir a oferta de assentos nos voos domésticos em 7%, em 2013, disse ontem ao Valor o presidente-executivo da companhia e presidente da holding TAM S.A., Marco Antonio Bologna. Segundo ele, só há perspectiva de crescimento de frota doméstica a partir de 2014.
A TAM Linhas Aéreas vai reduzir a oferta de assentos nos voos domésticos em 7%, em 2013, disse ontem ao Valor o presidente-executivo da companhia e presidente da holding TAM S.A., Marco Antonio Bologna. Segundo ele, só há perspectiva de crescimento de frota doméstica a partir de 2014.
"O setor teve, a partir de 2009, um grande crescimento
de oferta. Como a economia não está crescendo da forma esperada, estamos
vivendo um excesso de capacidade. Olhando para esse cenário, ele nos leva a uma
mudança de planejamento, redução de capacidade", disse Bologna.
Com essa redução, a TAM intensifica a estratégia iniciada
neste ano, de cortar a capacidade em até 2%. O objetivo é aumentar a
rentabilidade, diante de um cenário de desaceleração do crescimento econômico e
aumento dos custos da aviação.
Nos voos internacionais, porém, a TAM vai investir o
equivalente a US$ 960 milhões para trazer quatro aviões da Boeing, modelo 777.
A frota de aviões em operação no país será reduzida dos
atuais 114 para 109, ano que vem. São cinco a menos, mas a companhia vai
aumentar a quantidade de aeronaves de reserva de um para três. A ideia é ter
mais flexibilidade para fazer manutenção e garantir índices de pontualidade e
regularidade dos voos domésticos, caso haja algum problema em um voo, por
exemplo.
Bologna conta que uma soma de projeções para 2013 levou a
TAM a tomar a decisão de fazer essa "significativa" redução de
oferta. O executivo cita a perspectiva de manutenção do dólar no patamar de R$
2, o preço do barril do petróleo entre US$ 130 e US$ 135, e a projeção de
crescimento do PIB entre 3% e 4%. Para ele, a demanda doméstica, em 2013,
deverá crescer até 8,5%. Neste ano, a projeção máxima é de 9%. "Mas está
mais para 7%".
A vice-presidente da unidade de negócios domésticos, Claudia
Sender, diz que a média diária de utilização dos aviões da TAM também será
reduzida. Atualmente, cada avião da companhia voa, em média, 13 horas por dia.
No primeiro semestre do ano que vem o objetivo é alcançar 12 horas e 15
minutos. No segundo semestre, historicamente de maior demanda para a aviação,
12 horas e 45 minutos.
A quantidade de voos diários da TAM também será reduzida,
mas o número exato ainda não foi definido. A empresa opera atualmente em torno
de 800 frequências diárias. "Continuaremos operando em 42 aeroportos. Vamos
mexer nos itinerários, nas frequências", afirmou Bologna.
Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram
que há excesso de oferta no mercado doméstico. Em agosto e julho, a oferta, em
números absolutos, mostrou o maior nível desde 2000. Foram 10 bilhões e 10,3
bilhões, respectivamente, de assentos ofertados por quilômetro voado.
"O Brasil teve a forma mais cara de crescer para a
indústria aérea, por meio de capacidade. Todo mundo estimulou a demanda por
meio de capacidade. Foi a mesma história na Europa e nos Estados Unidos",
disse Claudia. para ela, as aéreas brasileiras estavam se contentando com uma
taxa de ocupação de voos na casa dos 70%, quando esta deveria ser de 80%.
De janeiro a agosto, a capacidade das aéreas brasileiras
acumula 80,5 bilhões de assentos ofertados por quilômetro voado, mais do que
toda a oferta registrada no ano de 2008, de 75 bilhões.
Questionado sobre possível redução de pessoal, Bologna disse
que "alguns ajustes deverão acontecer, mas não sabemos quantificar isso
agora. Estamos no meio de uma planejamento orçamentário. Nosso objetivo é
sempre manter o pessoal". Ele acrescenta que a TAM tem um
"turnover" parecido com o do setor, de 12% a 15% no ano. No total, a
TAM emprega cerca de 30 mil pessoas, sendo 8,6 mil pilotos e comissários.
"A gente vem nessa tendência de tentar crescer com
aumento de ocupação, enquanto as companhias mais novas ganham participação de
mercado, mas na tendência oposta, com perda de taxa de ocupação. É um
crescimento caro, com custo estrutural", diz Claudia. "É destruição
de capital, pois avião tem um custo muito caro", acrescentou Bologna.
Além da redução de oferta, a TAM colocou em compasso de
espera o plano de expansão da TAM Viagens, atualmente com 180 lojas no país. A
ideia inicial era ter até 300 estabelecimentos, mas Bologna conta que esse
número vai parar em 200, em 2013: "Vamos dar uma respirada".
Bologna disse ainda que a TAM estuda adquirir uma fatia
majoritária na Absa, filial da LAN Cargo no Brasil. Segundo ele, 20% do capital
votante da Absa é da LAN e 80% da Jochmann Participações. "A TAM não está
sendo 'chilenizada'. Somos uma concessão pública. Somos auditados,
fiscalizados. Com a visibilidade que a TAM tem, é impossível a gente fazer algo
irregular", respondeu, ao ser questionado se a integração com a chilena
LAN para a criação da Latam estava levando a um predomínio de executivos
chilenos na TAM.
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