Matérias dos principais jornais do país (O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Folha de S. Paulo) sobre o anúncio da Gol da encomenda de 60 Boeing 737 MAX - 2 de outubro de 2012
Gol anuncia encomenda de 60 aviões da Boeing, em acordo de
US$ 6 bilhões
SILVANA MAUTONE, MARINA GAZZONI - O Estado de S.Paulo
A companhia aérea Gol anunciou ontem um investimento de US$
6 bilhões na compra de 60 aviões da Boeing. É maior encomenda, em número de
unidades, que uma companhia aérea já fez na América do Sul. Os aviões são do
modelo Boeing 737 MAX e começarão a ser entregues em 2018.
"A decisão de encomendar os Boeing 737 MAX vem em linha
com o nosso compromisso em manter uma frota moderna. O novo avião será um dos
equipamentos com o melhor custo-benefício do mercado, o que condiz com nosso
modelo de negócio low cost (baixo custo)", disse o presidente da Gol,
Paulo Kakinoff. A forma de financiamento dos pedidos ainda não foi definida,
afirmou Kakinoff. Como se trata de uma encomenda de longo prazo, o caixa da
empresa não será afetado imediatamente.
A Gol fechou a compra no mesmo ano em que pisou no freio no
seu plano de expansão. A empresa cortará a oferta de assentos entre 6,5% e 7%
durante todo o ano, segundo Kakinoff. Ele afirmou também que a Gol não definiu
ainda se continuará a reduzir a oferta no próximo ano.
A compra de 60 aeronaves da Boeing, com fluxo de entrega de
longo prazo, dará mais flexibilidade para a Gol administrar sua oferta de
assentos. A empresa ainda não definiu se as aeronaves encomendadas serão usadas
para ampliação de frota ou substituição de aviões mais antigos.
A encomenda de aeronaves logo após uma retração na oferta de
voos dá sinais ao mercado de que a empresa reafirma sua estratégia de longo
prazo para o Brasil, disse Nelson Riet, consultor em aviação e ex-diretor de
operações da Varig. "A empresa precisa de um avião novo e econômico para
manter sua estratégia de baixo custo no futuro."
Segundo o vice-presidente técnico da Gol, Adalberto Bogsan,
o anúncio reflete a decisão da empresa sobre o tipo de equipamento que usará
nos próximos 15 anos. A frota atual da Gol é formada por modelos Boeing 737-700
e 800 Next Generation.
Essas aeronaves não têm autonomia para realizar um voo de
longa distância, como do Brasil para a Europa ou para os Estados Unidos, sem
escalas. Apesar de estudar voos para o exterior, a empresa disse que não
pretende comprar aeronaves maiores. "Vamos continuar fazendo voos diretos
no Cone Sul ou para a América do Norte com uma escala. Vamos manter a
padronização do nosso plano de frota com um tipo de aeronave, o 737",
disse Kakinoff.
O plano de frota da empresa, por enquanto, está definido
apenas até 2014. Atualmente, a Gol possui 128 aeronaves; em 2013, serão 135 e,
em 2014, 140.
Rumor. A informação de que a Gol convocou a imprensa de
última hora para fazer um anúncio após o fechamento do mercado provocou
especulações de que os executivos poderiam comunicar a venda de uma fatia da
empresa. A ação da Gol subiu 10,63% no pregão de ontem, a segunda maior alta do
Ibovespa. O índice fechou em alta de 0,67%.
"Muitos investidores acharam que se tratava de um
anúncio de fusão ou aquisição. Por isso a ação subiu tanto", disse um
analista, que pediu para não ser identificado.
Kakinoff classificou como "especulação" as
notícias de que a venda de parte da companhia estaria sendo negociada. A
companhia aérea negou no início de setembro que negociasse sua venda para a
Qatar Airways.
Os rumores sobre a possibilidade de venda da empresa
começaram após a companhia registrar um prejuízo de mais de R$ 700 milhões em
2011. O presidente da Gol afirmou que a companhia deve fechar este ano também
no vermelho, mas que esse é um "cenário transitório".
As companhias aéreas estão tentando repassar para as tarifas
o aumento de custos que tiveram desde o ano passado, principalmente com
combustível. Mas têm enfrentado dificuldades neste processo.
O desempenho dos yields (indicador de tarifa) da Gol
permanece estável desde o segundo trimestre deste ano, disse Kakinoff. "Há
uma estabilização no mercado tanto de demanda de passageiros quanto nos yields.
Há pequenas variações positivas, mas nada ainda que possa ser qualificado como
uma recuperação de fato."
O Estado de S. Paulo, 2 de outubro de 2012
Plano de R$ 6 bilhões faz Gol subir na bolsa
Por Beth Koike | De São Paulo
A Gol anunciou ontem a aquisição de 60 aviões, modelo Boeing
737 Max, que serão entregues entre 2018 e 2026. O valor total do contrato é de
US$ 6 bilhões. Trata-se da maior encomenda efetuada pela Gol desde o início de
suas atividades. Cada avião é orçado em US$ 100 milhões e todos são pedidos
firmes de compra.
O papel da aérea (Gol PN) subiu 10,63% ontem na bolsa, para
R$ 12,80. O Ibovespa fechou em alta de 0,63%.
O contrato com a Boeing é anunciada em um momento em que o
setor aéreo mostra oferta maior do que o apetite do consumidor para voar.
"O atual cenário é transitório e essa compra é de longo prazo", disse
Paulo Kakinoff, presidente da Gol. Ele anunciou a encomenda ao lado de
Constantino de Oliveira Junior, presidente do conselho de administração da
companhia aérea, e de executivos da Boeing e da CFM, fabricante do motor da
nova aeronave.
"Entramos nesse projeto porque a parceria com a Boeing
e CFM foi além da compra. Nossos engenheiros participaram também do
desenvolvimento das aeronaves, conforme nossas necessidades", disse
Kakinoff. As empresas compartilharam o projeto do Boeing 737 Max durante seis
meses.
Os recursos para aquisição virão, provavelmente, de
contratos de leasing e do Eximbank, banco de fomento dos Estados Unidos. A
forma exata de pagamento será definida em uma data próxima à entrega dos
aviões.
Para 2018, está prevista a entrega de duas novas aeronaves.
Mas ainda não há um calendário efetivo de entrega até 2026. "Nosso acordo
é bem flexível e para as entregas poderemos levar em consideração as demandas
do mercado", disse o presidente da Gol.
Neste ano, informou a Gol, sua frota total é de 128 aviões.
Em 2013, sobe para 135 e daqui dois anos, 140. Esses aviões poderão ser de três
modelos, já usados pela Gol: 737-300, 737-800 e 737-NG. Kakinoff não informou o
número de aviões a serem entregues em 2016, 2017 e 2018. O modelo 737 Max tem
como um dos principais diferenciais a economia de 13% de combustível em relação
às atuais aeronaves que a Gol utiliza.
Apesar de ter avanços em relação à geração anterior de
Boeings, as novas aeronaves não serão destinadas exclusivamente aos voos
internacionais, de longa distância, como os Estados Unidos, por exemplo. Em
voos para a América do Sul e para o sul dos Estados Unidos ainda será
necessária uma escala. Para voos domésticos, não será preciso fazer escalas.
A Gol iniciará no fim deste ano uma fase de experimentação
de voos com destino a Miami, Orlando e Nova York, nos Estados Unidos. Nessa
fase, os voos destinam-se apenas a clientes do cartão fidelidade Smiles. Caso o
projeto seja bem-sucedido, a Gol começa a operar voos para os Estados Unidos já
no próximo ano.
Valor Econômico, 2 de outubro de 2012
Gol investe R$ 6 bilhões para cortar custos
Com prejuízo de mais de R$ 700 mi neste ano, empresa compra
60 novos jatos que consomem menos combustível
Antes do anúncio do negócio, ações da empresa sobem 10,6%;
CVM diz não comentar "casos específicos"
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
Apesar de acumular neste ano um prejuízo de centenas de
milhões de reais, a Gol anunciou ontem um negócio de US$ 6 bilhões: a encomenda
de 60 jatos Boeing-737 MAX 8, nova geração de aviões da fabricante americana.
Embora pareça contraditório, o movimento vai justamente na
direção de cortar custos, uma das saídas da empresa para equilibrar suas
finanças.
Os MAX têm tecnologia que economiza combustível -o principal
item de custo das empresas aéreas.
Os motores do novo modelo garantem redução do consumo de
combustível de 13% na comparação com o atual. Porém, como o motor é mais
pesado, o ganho líquido de eficiência é da ordem de 10%.
Com o preço do petróleo acima de US$ 100 o barril, sem
perspectiva de queda, a redução de 10% é crucial para melhorar as margens da
companhia. Os novos jatos também vão permitir à Gol manter a idade média de sua
frota em sete anos.
A expectativa pelo anúncio do negócio fez as ações da
empresa subirem 10,6% ao longo da tarde de ontem. Foi o papel que mais se
valorizou no Ibovespa no dia.
Depois do fechamento da Bolsa, as ações perderam força e
fecharam com alta de 8,5%. Em parte, acredita-se que isso aconteceu porque o
mercado esperava ações com resultados mais imediatos.
Indagada se houve movimentação atípica com as ações, a CVM
disse que "não comenta casos específicos". Também não respondeu se há
indícios de vazamento de informação privilegiada
"Essa compra é de muito longo prazo, e o cenário atual
entendemos como transitório", disse o presidente da Gol, Paulo Sérgio
Kakinoff.
A combinação de custos elevados (de câmbio, combustível e
tarifas aeroportuárias) e economia desaquecida derrubou o resultado de todas as
companhias, o que fez o governo acender a "luz amarela".
Só a Gol acumula prejuízo de mais de R$ 700 milhões no
primeiro semestre deste ano.
O NEGÓCIO
Os primeiros dois aviões serão entregues em 2018, um ano
após o início da produção dos MAX, com desembolso de US$ 200 milhões.
Os demais 58 jatos (todas encomendas firmes, ou seja,
compromissos de compra) serão entregues até 2026.
Esse é o maior pedido firme que a Gol fez para a Boeing. Em
2008, ela encomendou 101 aviões, mas apenas 50 eram confirmados.
Com essa compra, a empresa tenta acompanhar sua principal
rival no país, a TAM, que encomendou 22 Airbus-A320 neo, modelo com motor 15%
mais eficiente do que os A320 atuais, com entregas previstas entre 2016 e 2018.
Folha de S. Paulo, 2 de outubro de 2012
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