Especializada em integrar sistemas e encontrar soluções
técnicas para seus clientes, a britânica General Dynamics UK acaba de se
instalar no Brasil. A empresa, que fatura US$ 700 milhões por ano globalmente,
abriu escritório na cidade do Rio de Janeiro e busca fechar seu primeiro
negócio no país.
Os setores com os quais a empresa fez contato são aqueles em
que tem mais experiência no exterior: defesa e petróleo e gás. O diretor da
companhia no Brasil, Willie Dobson disse ao Valor que conversou com as Forças
Armadas e com a Petrobras.
São áreas, também, de grande potencial. Somente o Sistema de
Gerenciamento da Amazônia Azul, da Marinha, que irá monitorar 8 mil quilômetros
de litoral, representa uma oportunidade de US$ 4 bilhões, segundo estimativas
da companhia inglesa.
A empresa, no entanto, não pretende se centrar apenas nesses
setores. "Há possibilidades de todo tipo [no Brasil], defesa e petróleo e
gás podem ser só uma porta de entrada", diz Dobson. Na área de defesa, por
exemplo, a empresa tem experiência em unir os sistemas de comunicação, por
rádio, a conexões de internet. Em uma unidade de exploração de petróleo, o
sistema de controle de vazamentos pode ser integrado à rede interna de câmeras
de segurança.
O executivo afirma que esses serviços podem ser direcionados
a qualquer negócio e são especialmente positivos para indústrias de grande
complexidade. "São negócios em que os sistemas não podem ser vulneráveis,
o sinal não pode cair pois isso representa perda de dinheiro, há uma grande
demanda por sistemas inteligentes".
Um filão interessante que está se desenvolvendo no país,
avalia o diretor, é a rede portuária. Em setembro, foi inaugurado o Porto de
Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, com sistema operacional desenvolvido pela
companhia. Esse tipo de operação e outras grandes obras, como aquelas que são
realizadas para o Brasil receber Copa e Olimpíada, são ambientes ideais para a
empresa prospectar clientes. Em estudos preliminares, a companhia calculou em
US$ 32 milhões a demanda por sistemas de comando e controle relacionada a esses
eventos.
Com o objetivo de desenvolver soluções locais e aproveitar o
que Dobson chama de "potencial inovador" do povo brasileiro, a
empresa decidiu abrir um laboratório de seu projeto "Edge" (que
significa limite ou fronteira em inglês). Esse centro de tecnologia pretende
promover um intercâmbio de conhecimento entre pequenos e médios empreendedores
britânicos e brasileiros, além de pesquisadores e universidades dos dois
países.
"Esse projeto é uma forma de levar ideias inovadoras,
aplicáveis à nossa área de atuação, ao mercado", afirma Dobson. O
investimento da empresa no Brasil ainda é modesto, cerca de US$ 5 milhões entre
o escritório e o laboratório. Como a empresa trabalha com projetos
encomendados, a ideia é que sejam feitos investimentos maiores à medida que
contratos sejam fechados.
Ana Fernandes, Valor, 2 de outubro de 2012
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