sábado, 20 de outubro de 2012

Passaredo: recuperação judicial



Matérias do Estado de S. Paulo e da Folha de S. Paulo sobre a recuperação judicial da Passaredo Linhas Aéreas.

Passaredo pede recuperação judicial

Aumento de custos do setor aéreo afetou caixa da companhia, que terá 60 dias para apresentar plano a credores; voos serão mantidos

20 de outubro de 2012
Marina Gazzoni, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A companhia aérea regional Passaredo entrou nesta sexta-feira com um pedido de recuperação judicial na 8.ª Vara Cível de Ribeirão Preto (SP). Com uma dívida estimada em R$ 100 milhões, a empresa teve problemas de liquidez e precisará reestruturar sua operação. A companhia informou que os voos estão mantidos e os passageiros não serão afetados. A Passaredo é a quinta maior companhia aérea do País, atrás de TAM, Gol/Webjet, Azul/Trip e Avianca, mas responde por apenas 0,54% dos voos domésticos brasileiros, segundo dados de agosto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Com sede em Ribeirão Preto, a empresa está no mercado desde 1995 e atualmente voa para 21 destinos.
 ERJ 145

Antes de entrar com pedido de recuperação judicial, a Passaredo já vinha enxugando sua operação. A companhia começou a devolver seus jatos Embraer 145, de 50 lugares, em junho. Com isso, sua frota operacional, que era de 11 aeronaves, foi reduzida para os atuais quatro turboélices ATR, com 70 assentos.

ATR-72 da Passaredo

A empresa terá de apresentar aos credores um plano de recuperação em até 60 dias. "Não se trata de uma pré-falência ou da procura de uma alternativa de venda. O propósito é reorganizar o caixa da empresa e voltar a crescer", disse o advogado Aires Vigo, que representa a Passaredo.

Até hoje, nenhuma empresa aérea que entrou em recuperação judicial conseguiu se reerguer. Desde que a lei entrou em vigor, em fevereiro de 2005, três empresas entraram com pedidos de recuperação judicial - Varig, Pantanal e VarigLog. A Varig foi vendida à Gol, a Pantanal à TAM e a VarigLog foi a falência. "No caso da recuperação judicial, um dos principais caminhos para tirar a empresa da crise é a venda", disse o consultor em reestruturação de empresas Luis Paiva, da Corporate Consulting.

A Passaredo, no entanto, diz que sua situação é diferente. "As outras empresas não conseguiram se recuperar porque seu problema era muito maior. Nosso problema não é insolúvel", disse o advogado da empresa.

Crise na aviação

As companhias aéreas estão enfrentando um cenário adverso que tem corroído sua rentabilidade neste ano. O maior vilão é o combustível, responsável por 40% dos custos do setor. O preço do querosene de aviação disparou 42% nos últimos 12 meses, segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.

As líderes do setor, Gol e TAM, somaram um prejuízo líquido de R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre. "As empresas menores sofrem mais. Elas têm uma capacidade de resposta reduzida, com caixa menor e menos acesso a crédito", disse Sanovicz.

De 2010 para cá, dez empresas aéreas de pequeno porte suspenderam a operação. "Com margens pequenas, as companhias precisam de escala para sobreviver", disse Sanovicz. "A tendência é ter cada vez menos empresas nesse mercado."


Endividada, Passaredo entra com pedido de recuperação judicial

Valor da dívida atinge R$ 100 mi; companhia demitiu 113 em julho

Folha de S. Paulo Ribeirão
DE RIBEIRÃO PRETO

Após demitir mais de cem funcionários, deixar de pagar encargos trabalhistas e, ainda assim, minimizar a gravidade da crise pela qual atravessa, a Passaredo Linhas Aéreas, de Ribeirão Preto, entrou ontem com pedido de recuperação judicial.

A medida, segundo a assessoria da empresa, tem o objetivo de viabilizar o pagamento de dívidas geradas por fatores como alto preço do combustível e uma concorrência "momentânea e predatória" em Ribeirão, sua principal base. O valor da dívida chega a R$ 100 milhões.

De acordo com a Passaredo, nos próximos 60 dias será apresentado um plano de pagamentos. O documento mostrará como a empresa pretende honrar as dívidas.

"Este recurso legal visa preservar empregos, atender aos credores e manter a função social da companhia", afirma a nota da assessoria.

O pedido de recuperação judicial, segundo a Passaredo, não vai alterar o funcionamento da companhia. "Todos os voos programados serão mantidos, sem alterações para os usuários", diz a nota.

DEMISSÕES

Em julho, a Passaredo demitiu 113 funcionários da região Sul do país. Na ocasião, a empresa afirmou que os cortes foram decorrentes da suspensão dos voos em Porto Alegre (RS), Cascavel, Curitiba e Londrina (PR).

Quase dois meses depois, a Folha divulgou que compromissos trabalhistas ainda não tinham sido honrados. Na ocasião, a companhia prometeu pagar os valores devidos e afirmou que pretendia recontratar os demitidos.

ESTRATÉGIA

Nos últimos meses, a Passaredo afirmou ter dado início a uma guinada em sua estratégia de operação.

As mudanças incluíram a troca da frota de jatos por turboélices (mais indicado para curtas distâncias) e a readequação da malha, com objetivo de focar as operações no transporte aéreo regional.

"[As alterações] Permitem que a Passaredo apresente hoje uma performance saudável, viabilizando o caminho para o desenvolvimento dentro de um setor importante", afirma a empresa na mesma nota da assessoria.

Raio-X da dívida/Tamanho do rombo

R$ 100 mi
total da dívida da Passaredo
plano de pagamento deve ser apresentado em 60 dias

R$ 50 mi
devidos aos bancos

R$ 15 mi
débitos com combustíveis

R$ 35 mi
pendências fiscais
(como impostos e dívidas trabalhistas)

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