Empresa lançará voos regulares para Orlando, Nova York e
Miami em dezembro e já estuda novos destinos
O Estado de S. Paulo
Quinta, 25 de Outubro de 2012, 03h09
GLAUBER GONÇALVES / RIO
Com a retomada dos voos para os Estados Unidos cinco anos
depois de abandonar as rotas herdadas com a compra da Varig, a Gol dá início à
segunda fase de sua expansão internacional, disse ontem o presidente da
empresa, Paulo Kakinoff. A empresa vê grande potencial na rota ligando o Brasil
à América do Norte e não pretende se restringir aos voos ligando Rio e São
Paulo a Orlando, Miami e Nova York, já anunciados para dezembro.
De acordo com Kakinoff, com a utilização de Santo Domingo,
na República Dominicana, como hub (centro de conexões), as aeronaves da Gol
terão autonomia para alcançar praticamente todo o mercado norte-americano.
Embora ainda não haja decisão sobre outros destinos, já estão no radar da
companhia cidades como Cancún, no México, e Los Angeles e Las Vegas, nos
Estados Unidos.
"O nosso equipamento pode alcançar muito mais cidades
interessantes, que estão no nosso radar em plena fase de avaliação de densidade
de passageiros para entrar na nossa lista de expansão", declarou Kakinoff,
durante a feira da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), no Rio.
Hoje, o mercado americano é explorado com voos regulares apenas pela TAM e por
empresas dos Estados Unidos.
Enquanto não lança novas rotas, a companhia aposta na
parceira com a aérea americana Delta Airlines, uma de seus acionistas, para
atender os passageiros no mercado americano. A empresa estrangeira voa da
República Dominicana para Atlanta, nos Estados Unidos, onde está localizado seu
principal centro de conexões. "De Atlanta, a Delta pode distribuir esses
passageiros para todo o mundo", disse o presidente da Gol.
O lançamento dos voos para os Estados Unidos não deve trazer
de volta a marca Varig nos voos internacionais. A avaliação de Kakinoff é que a
companhia ainda é associada a um tipo de serviço diferente do oferecido pela
Gol hoje. A empresa se vende ao mercado como uma companhia low cost, low fare
(baixo custo, baixa tarifa), enquanto que a Varig era percebida como uma
empresa que prestava um serviço de padrão mais elevado.
Enquanto planeja sua expansão internacional, a Gol mantém
parte de seus esforços concentrados na integração com a Webjet.
Depois da aprovação da compra da empresa pelo Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) este mês, a Gol ainda está
trabalhando no plano de unificação das duas companhias, porém ainda não
resolveu se acabará ou não com a marca Webjet.
Kakinoff revelou, no entanto, que as duas empresas já têm o
mesmo padrão tarifário.
Reajuste. Outro foco da atenção da Gol é a busca pela
recomposição dos preços dos bilhetes no mercado doméstico. O presidente da
aérea afirmou que há grande probabilidade de haver aumento das passagens no ano
que vem. Ele explicou que o cenário atual de alta do preço do combustível e
desvalorização do real aponta para a necessidade de aumentar tarifas.
Segundo ele, a recente desoneração da folha de pagamentos
pelo governo, considerada positiva pelo setor, será neutralizada pelo aumento e
criação de tarifas aeroportuárias. "No nosso caso, representa impacto que
não só neutraliza a desoneração, como adiciona um custo anual de R$ 70
milhões", declarou.
A preocupação é compartilhada pela TAM. A vice-presidente da
unidade de Negócios Domésticos da companhia, Cláudia Sender, estima que as
aéreas brasileiras precisariam aumentar a tarifa média no segmento doméstico em
10% para zerar os prejuízos que vêm amargando desde o ano passado. A previsão,
segundo ela, foi feita com base em relatórios assinados por analistas do
mercado financeiro, que apontam novas perdas no terceiro trimestre.
"Para as empresas chegarem no zero a zero, deveria
haver pelo menos uma recuperação de 10% na tarifa média", disse a
executiva. Ela explicou, porém, que esse movimento de recuperação dos preços
das passagens não é fácil e deve ser feito de forma gradual. "É um
processo que tem de ocorrer, senão não vamos ter uma indústria saudável",
comentou.
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