EDUARDO RODRIGUES / BRASÍLIA, GLAUBER GONÇALVES / RIO - O
Estado de S.Paulo, 11 de outubro de 2012
Um ano e três meses após o anúncio da compra da Webjet pela
Gol, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica deu ontem seu aval para a
operação. Para aprovar o negócio, o órgão fez uma restrição à operação.
Um acordo firmado com a Gol/Webjet obriga a empresa a manter
um alto nível de regularidade (de 85%) nos serviços oferecidos a partir do
aeroporto Santos Dumont, no Rio, que está com a capacidade esgotada para a
entrada de novos competidores.
Na prática, os voos da ponte aérea Rio-São Paulo que partem
e chegam ao aeroporto terão de decolar independentemente de sua lotação. A
expectativa do órgão é que o acordo ajude a baixar os preços das passagens nesse
trecho.
Segundo fontes, o diretor de Recursos Humanos da Gol
desembarca amanhã no Rio, onde está a sede da Webjet, para tratar de detalhes
da integração. O Sindicato Nacional dos Aeronautas diz que funcionários da
Webjet já vêm sendo desligados nas últimas semanas. A entidade que representa
os aeroviários também diz temer demissões.
A aprovação pelo Cade se dá num momento bem mais complicado
para o setor aéreo do que na época do fechamento do negócio. De lá para cá, o
real se desvalorizou e o preço do combustível subiu, levando a Gol a um
prejuízo acumulado de R$ 750 milhões no primeiro semestre de 2012.
Economia. Antes tida pelo mercado como uma empresa pequena e
com aviões velhos, a Webjet começou a ser vista pela nova dona como um modelo
para redução de custos. A venda de lanche a bordo, prática introduzida pela
Webjet no mercado brasileiro, foi levada para a Gol.
Um mês após revelar que estava comprando a concorrente, a
Gol era líder em participação do mercado doméstico. Somando-se a fatia da controlada,
a empresa tinha uma vantagem de mais de 6% sobre a TAM. Porém, com os atuais
percalços, a empresa vem perdendo espaço e, hoje, nem mesmo computando a
participação da Webjet, consegue superar a TAM. Dados de agosto mostram a líder
com 40,55%, contra 39,14% da Gol/Webjet.
Até o momento, não foi revelado qual será o destino da
empresa adquirida. Após o anúncio do negócio, em julho do ano passado, o então
presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, deu uma série de declarações
contraditórias sobre o futuro da Webjet, mostrando que a empresa tinha dúvidas
sobre o que fazer com sua nova controlada.
Logo após a compra, o executivo disse que a marca Webjet
sumiria depois da aprovação do negócio pelo Cade. Meses depois, recuou e
declarou que, mesmo após o sinal verde, as operações poderiam continuar
separadas. Depois, a Gol, que se diz uma empresa de baixo custo e baixa tarifa,
cogitou transformar a empresa adquirida em uma "ultra low cost",
tendo como inspiração a irlandesa Ryan Air.
Apesar do vai e vem, fontes ouvidas pelo Estado apostam no
fim da Webjet. Uma fonte que acompanha o plano de integração diz que algumas
atividades da companhia devem começar a ser transferidas do Rio para São Paulo,
base da Gol, ainda este ano. O plano seria manter os voos da Webjet apenas até
julho de 2013. Um alto executivo de uma das companhias disse, no entanto, que
esses detalhes vão começar a ser definidos nos próximos dias.
Procuradas, Gol e Webjet não responderam às perguntas
enviadas pela reportagem.
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