quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Fusão de Gol e Webjet será julgada hoje no Cade



Crise no setor aéreo pode favorecer a aprovação do negócio pelo Cade; Gol e Webjet somam 39% de participação no mercado



10 de outubro de 2012

EDUARDO RODRIGUES / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Um ano e três meses após o anúncio de que a Gol havia chegado a um acordo para adquirir 100% do capital da Webjet, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) julga hoje a operação, que custou R$ 43,443 milhões. Passados 15 meses do negócio, o dólar em alta alterou completamente o panorama do setor aéreo no Brasil e pode jogar a favor da aprovação da aquisição pelo órgão.

O processo deveria ter sido julgado há 15 dias pelo Cade, mas, a pedido de vários conselheiros, o relator do caso, Ricardo Ruiz, adiou a leitura do voto para hoje. A fusão de Gol e Webjet daria à companhia uma participação de 39% nos voos nacionais (34% da Gol e 5% da Webjet).

No período entre o anúncio do negócio e o julgamento pelo Cade, a situação financeira do setor mudou radicalmente. O crescimento da demanda de passageiros por voos domésticos continua, mas o aumento do dólar tem estrangulado a capacidade das empresas em lucrar em um cenário de competição ferrenha.

Conforme o próprio conselheiro Ruiz apontou antes da última sessão do Cade, o dólar estava em torno de R$ 1,60 em julho do ano passado, mas agora tem ficado constantemente acima dos R$ 2,00. "Toda a operação do setor é dolarizada, sobretudo a manutenção e a reposição de peças. Além disso, o querosene de aviação ficou muito mais caro por causa da própria moeda e dos preços internacionais do petróleo", comentou na ocasião.

"Algumas empresas podem optar por deixar as aeronaves em solo, reduzindo algumas frequências para equilibrar suas contas na operação. Mas os custos com manutenção e peças continuam", disse Ruiz. O conselheiro ressaltou, no entanto, que falava do panorama do setor e não necessariamente do seu relatório para o caso específico da compra da Webjet pela Gol.

Mas uma fonte próxima ao caso avaliou que as dificuldades enfrentadas pelas companhias aéreas nos últimos trimestres por causa do câmbio reforçam os argumentos dessas empresas em processo de fusão. "É inegável que a junção entre duas empresas traz sinergias e ganhos de escala que ficaram mais evidentes com a nova situação do câmbio. A possibilidade de unificação de um centro de manutenção e até mesmo a compra de peças em lotes poderiam ser exemplos disso", afirmou um advogado.

A fonte destacou, porém, que esses ganhos para as companhias só são positivos sob a ótica do Cade se refletirem em benefícios para os consumidores, sem a criação de distorções anticompetitivas. Ainda assim, a avaliação é de que a nova realidade do câmbio facilite operações dessa natureza no setor. O Cade ainda terá de julgar outro caso no setor aéreo - a fusão da Azul e da Trip.

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