Por Virgínia Silveira | Para o Valor, de São José dos Campos
– 19 de outubro de 2012
O grupo europeu MBDA, fabricante de mísseis, e a brasileira
Avibras, devem fechar uma joint-venture para ampliar o escopo de trabalho,
iniciado com o desenvolvimento dos motores MM40, que equipam os mísseis Exocet
da Marinha brasileira.
A MBDA, fabricante original do Exocet, faturou € 3 bilhões
em 2011 e acumula uma carteira de pedidos da ordem de € 10,5 bilhões. Segundo o
presidente da Avibras, Sami Hassuani, a parceria com a MBDA representa um
movimento crescente de confiança.
Hassuani ressalta que o modelo de trabalho desenvolvido
pelas duas empresas é vantajoso para a Avibras, pois mantém a empresa com
tecnologia 100% nacional e independência para o atendimento das Forças Armadas
Brasileiras.
A Avibras, segundo ele, já entrou na fase de produção dos
motores MM40, desenvolvidos e certificados no Brasil, e a Marinha encomendou
várias unidades de série do modelo. O executivo não revelou a quantidade, pois
envolve sigilo de contrato.
O projeto do míssil Exocet MM40 teve investimento de R$ 75
milhões desde 2008 e envolve a Mectron, controlada pela Odebrecht Defesa e
Tecnologia. A empresa foi responsável pelo sistema de telemetria do míssil, que
substituiu a cabeça de combate (carga explosiva) nos testes de qualificação.
"Somos livres para atender o mercado brasileiro e
trabalhamos em conjunto com a MBDA no externo", disse Hassuani. A MBDA,
segundo seu vice-presidente de Vendas e Desenvolvimento de Negócios, Patrick de
La Revelière, também será parceira no projeto do míssil AM39 para os
helicópteros EC 725 que a Marinha comprou da Helibras. Hassuani disse que a
Avibras fará os motores do míssil e a MBDA, a cabeça de guiagem.
A Avibras está centralizando suas operações em duas
unidades, localizados em Jacareí e em Lorena, ambos na região do Vale do
Paraíba. As duas instalações em São José dos Campos estão sendo desativadas
gradativamente, segundo Hassuani. Uma delas, que fica ao lado da pista do
aeroporto da cidade, atrai o interesse de grupos ligados ao setor de aviação
executiva.
O presidente da Avibras disse que também analisa a
possibilidade de criar um condomínio empresarial no local. A unidade possui 90
mil m2 de área total e conta com prédios de escritórios e galpões industriais.
A outra unidade está localizada próxima á Rodovia Presidente Dutra e tem 50 mil
m2 de terreno.
A fábrica de Jacareí será transformada na mais moderna
unidade de blindados sobre rodas do Brasil, para atender os projetos do
lançador de mísseis Astros 2020 e de exportação, além de veículos da linha 4/4
sobre rodas.
Foto: Astros II
"Agora também teremos no mesmo site a produção dos
veículos e rampas de lançamentos para todas as aplicações (artilharia de
campanha, Astros, artilharia antiaérea, mísseis, lançadores navais, entre
outros), afirmou Hassuani.
O presidente da empresa disse que a recuperação judicial da
Avibras já está formalmente concluída. "A participação do governo no
capital da companhia é algo desejável (não é mandatório) e continua em
pauta", afirmou.
No ano passado, o executivo chegou a falar que existia uma
expectativa de que a participação do governo na empresa ficasse entre 15% e
20%. "Este é um assunto mais relacionado aos acionistas da empresa, que
continuam muito interessados em um acordo que permita a perpetuidade do
negócio, que é altamente ligado ao governo", comentou.
O governo anunciou, em meados deste ano, a liberação de R$
300 milhões do PAC Equipamentos (Programa de Aceleração do Crescimento) para a
compra de 30 unidades do Astros 2020. O lançador vai aparelhar as unidades de
combate da artilharia do Exército.
O projeto, segundo o presidente da Avibras, será
implementado em várias fases dentro de um período de cinco anos. O valor total
a ser investido pelo governo no programa é de R$ 1,2 bilhão.
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