Empresas afirmam que suas propostas de caças à FAB já têm
sistema moderno; Dassault incluiu novo radar no modelo negociado com governo
06 de outubro de 2012
ROBERTO GODOY - O Estado de S.Paulo
A confirmação, feita anteontem pelo grupo francês Dassault,
da incorporação dos avançados radares RBE2 AESA à proposta de fornecimento de
36 novos jatos de uso múltiplo Rafale para a Força Aérea causou reações entre
os finalistas na escolha - a americana Boeing, com o F-18 Super Hornet, e a
sueca Saab, com o Gripen NG.
O negócio, de US$ 6 bilhões, é uma ação inicial. O programa é
de longo prazo, e contempla contratos futuros envolvendo cerca de 120
aeronaves, com produção local a partir de um determinado ponto do processo.
A seleção tem um codinome, é a F-X2, e acumula 17 anos de
atraso por causa de seguidos cancelamentos, reinícios e adiamentos. Ontem, no
Rio, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que a presidente Dilma Rousseff
mantém a disposição de tomar a decisão até o fim do ano. No dia 31 de dezembro
expira o prazo de congelamento das ofertas das corporações finalistas. A
manutenção dos termos das ofertas foi feita a pedido do governo.
Negócio de Estado. A Boeing e a Saab destacaram ontem que as
suas negociações incluem os radares da classe AESA desde o inicio da F-X2. De
acordo com o diretor sueco Bengt Janer, "os nossos estudos já estão em um
patamar elevado: trabalhamos com a Selex Galileo, no Brasil, nesse viés do
programa".
Janer disse que "não há qualquer risco da tecnologia do
equipamento não ser transferida integralmente para a indústria local: 100% do
conhecimento desse radar é de domínio da Suécia".
Donna Hrinak, presidente da Boeing do Brasil e
ex-embaixadora dos EUA em Brasília, considera a aquisição dos caças "um
negócio entre os Estados brasileiro e americano, executado entre os
governos".
Essa condição, destaca, "implica um apoio total, já
revelado, do governo dos Estados Unidos à venda e à transferência de
tecnologias - incluindo as do radar AESA, aprovada antecipadamente pelo
Congresso, pelo Departamento de Estado e diretamente pelo presidente Barack
Obama". Segundo Donna, "não há necessidade de qualquer aprovação
adicional".
Em nota, a empresa informou que "tem a reputação
inigualável de cumprir suas promessas, fornecendo transferência de tecnologia
por meio de participações industriais em 40 países, avaliadas em mais de US$ 42
bilhões".
Na França, a agência de armamento, a DGA, anunciou a entrega
dos primeiros Rafale - rebatizados Rafale C137 - dotados dos radares RBE2 AESA,
da Thales, e integrados nas fábricas de Merignac, da Dassault.
Segundo a DGA, o dispositivo soma grande melhora
operacional. É compatível com a nova geração de mísseis, como o Meteor, com
alcance além do horizonte e a raio de ação de 110 km. Em operação, teria
demonstrado redução de custos e da exigência de ciclo curtos de manutenção.
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Nota:
a) Radar AESA oferecido pela Boeing (foto do Cavok):
b) Radar AESA oferecido pela Saab (foto da T&D):
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