Por Sergio Bueno | De Caxias do Sul
Valor Econômico, 19 de outubro de 2012
Depois de um primeiro semestre fraco, com queda de 20% nas
vendas ante igual período de 2011 devido à retração dos mercados de caminhões e
ônibus no país, a Agrale virou o jogo e prevê encerrar 2012 com alta de 10% no
faturamento bruto, para pouco mais de R$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, as vendas
físicas devem avançar 15% no segmento de veículos, para 8 mil chassis para
ônibus, caminhões leves e médios e utilitários civis e militares, e 14% na
linha de tratores de até 168 cavalos de potência, para perto de 2,2 mil
equipamentos.
"As margens foram sacrificadas no primeiro semestre,
mas se recuperaram no segundo", explicou o diretor de vendas, Flávio
Crosa. Em 2011, a empresa, que é de capital fechado e completa 50 anos de
operação em dezembro, teve receita consolidada líquida de R$ 760,3 milhões e
lucro líquido de R$ 39,4 milhões, mas o executivo preferiu não projetar a
margem líquida para este ano.
O segmento com pior desempenho para a Agrale em 2012 foi o
de caminhões, que deve fechar com queda de 20% nas vendas físicas, para 800
unidades. A retração foi influenciada pela introdução da nova tecnologia de
controle de emissões de poluentes (conhecida como "Euro 5") nos
motores a diesel no Brasil, que ficaram mais caros. "Mas nos últimos dias
houve uma ativação maior da procura, o que deve alavancar as vendas no quarto
trimestre", afirmou Crosa.
Em compensação, ainda no segmento de veículos, a empresa
vendeu 2 mil chassis para os miniônibus Volare, da Marcopolo e adquiridos pelo
governo federal para o programa Caminhos da Escola. Outros 1,5 mil devem ser
entregues em 2013. A companhia aumentou a produção dos utilitários Marruá,
sendo 340 unidades vendidas para uso do Exército.
Conforme Crosa, o cenário para 2013 é positivo e a Agrale
espera crescimento de 7% no faturamento bruto. De acordo com ele, a expectativa
é que o mercado brasileiro de ônibus avance de 28 mil a 29 mil neste ano para
30 a 31 mil no ano que vem, e que o de caminhões passe de no máximo 135 mil
unidades para 155 mil no mesmo período, beneficiado pelo Programa de
Sustentação do Investimento (PSI) do governo federal. "Financiamento de
dez anos com juros de 2,5% ao ano é uma dádiva", disse o
diretor-presidente Hugo Zattera.
Para o mercado externo, Crosa projeta alta para 12% a 15% do
faturamento bruto em 2013, ante a participação de 10% neste ano, quando a
produção da subsidiária argentina foi prejudicada pelas restrições impostas
pelo país vizinho às importações de peças e componentes do Brasil. Além da
expectativa de uma melhora nas relações com o principal sócio do Brasil no
Mercosul, a Agrale espera aumentar as vendas da versão militar do Marruá para
as Forças Armadas de países sul-americanos.
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