Vale lembrar que as empresas são grandes operadoras de E-jets e ATRs.
Articles covering Azul / Trip from the main São Paulo newspapers. Interview with the CEO of the Azul Trip, David Neeleman (O Estado de S. Paulo), and the expected growth for 2013 (Folha de S. Paulo). Azul and Trip are large operators of E-jets and ATRs.
Azul aposta em 11 novas cidades para crescer
Empresa amplia voos para cidades com mais de 250 mil
moradores em 2013, mas prevê terminar 2012 com prejuízo
Presidente da aérea não vê perspectivas de aumentar presença
em Congonhas, dominado pela TAM e pela Gol
MARIANA BARBOSA, FOLHA DE S. PAULO
DE SÃO PAULO
Azul pretende entrar em 11 novas cidades em 2013, ampliando
a malha para 111 destinos. "São todas cidades com mais de 250 mil pessoas,
no Norte e no Sul do país", disse o presidente da empresa, David Neeleman.
Ele revela apenas o nome de uma: Passo Fundo (RS).
Uma das razões para não divulgar os outros nomes é evitar o
assédio de prefeitos.
"Tivemos um problema em Cascavel [PR]. Cancelamos voos
por uns dias para ajustar a operação depois de um incidente, e a pressão para
retomar o voo foi enorme."
Assim como em Cascavel, o grupo Azul/Trip opera sozinho em
outras 42 cidades, de um total de 100 destinos. A TAM voa para 42 cidades, e a
Gol, para 48.
A ampliação de voos da Azul acontece ao mesmo tempo em que
TAM e Gol enxugam a oferta de assentos para estancar prejuízos.
Mas ela também prevê encerrar o ano com perdas, devido à
combinação de baixo crescimento da economia, real valorizado, alta do
combustível e aumento de tarifas aeroportuárias.
Neeleman diz que o impacto para a Azul dos aumentos
praticados pelo governo para o setor é de R$ 160 milhões. Metade é relativo às
tarifas de tráfego aéreo, e a outra metade, à nova taxa de conexão.
Para o ano que vem, novos aumentos previstos pela
Aeronáutica custarão mais R$ 150 milhões à companhia.
"Vamos economizar R$ 50 milhões com a medida de
desoneração da folha de pagamento, mas os custos aumentarão em R$ 310
milhões."
Neeleman diz que a associação com a Trip ajudará a melhorar
a situação financeira da empresa. "Teremos uma economia de custos de R$
150 milhões ao ano a partir do primeiro trimestre de 2013", diz.
"Do lado da receita, esperamos aumento de R$ 150
milhões a R$ 300 milhões/ano."
Com aviões de menor porte do que os de Gol e TAM, Azul e
Trip detêm 14% do mercado, mas operam 30% dos pousos e decolagens realizados no
país.
"Há uma forte pressão para que a gente voe para mais
locais, mas é preciso melhorar a infraestrutura."
As duas empresas, que se associaram em maio, passarão a
operar em regime de voos compartilhados a partir de 2 de dezembro, quando a
marca Trip deixará de existir.
Hoje já é possível comprar passagens da Trip pelo site da
Azul, mas, a partir de dezembro, quem entrar no site da Trip será
automaticamente direcionado para o da Azul.
Neeleman diz que gostaria de operar em Congonhas, dominado
pela Gol e pela TAM, mas não vê perspectivas de ampliação da capacidade.
"Eu gostaria, mas, se não tem jeito, vamos crescer nas
cidades onde não têm serviço hoje. Prefiro ter 90% de Viracopos [Campinas] a
ter só 5% de Congonhas."
Por conta da associação com a Trip, que tem presença tímida
em Congonhas, a Azul vai estrear na ponte aérea no mês que vem, com quatro voos
por dia.
Padrão da Azul vai prevalecer na fusão com a Trip
Presidente da Azul diz que investigação da Anac na Trip não
prejudica fusão, e que empresas já operam como se fossem uma só
12 de outubro de 2012
MARINA GAZZONI - O Estado de S.Paulo
O mapa do Brasil na sala do presidente da Azul, David
Neeleman, já traz marcados com alfinetes as cidades atendidas pela Trip. As
duas empresas, que anunciaram a fusão em maio deste ano, voam para 100 dos 120
municípios servidos por voos regulares no País. A integração está em pleno
vapor. "Todos estão trabalhando como se fosse uma empresa só", disse
Neeleman, que chegou a classificar a fusão como "irreversível".
No meio do processo de integração, a Trip virou alvo de uma
investigação na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por realizar
procedimentos de pouso não autorizados. Neeleman disse que a empresa está
cooperando com a agência e que o padrão operacional da Azul prevalecerá após a
fusão.
Após uma reestruturação na diretoria da Azul, Neeleman, até
então presidente do conselho de administração, assumiu no fim de agosto o
principal cargo executivo da empresa. Assim como fazia desde que fundou a Azul,
ele alterna sua rotina entre Brasil e Estados Unidos. Agora, além de presidir a
Azul, também participa ativamente da campanha do republicano Mitt Romney pela
presidência dos EUA. A seguir, os principais trecho da entrevista:
Por que o sr. assumiu a presidência da Azul?
O Pedro Janot (ex-presidente da Azul) sofreu um acidente e
estava se recuperando. Então, eu tive de assumir a posição.
Dá para presidir a Azul morando nos EUA?
Dá. Temos três vice-presidentes que fazem tudo. Se eles têm
decisões grandes para tomar, falam comigo. Falo com eles todo dia. Hoje a
empresa está mais madura, tem mais gente que chegou da Trip para ajudar. Então,
fiquei confortável com isso. Mas estou aqui uma semana sim e outra não. E se
tiver de estar aqui toda semana, estarei.
No fim de agosto, saíram da Azul executivos que estavam na
empresa desde o início. Outras pessoas vão sair?
Já decidimos todos os cargos da diretoria e todo mundo já
está no lugar certo. Começamos a escolha pelos vice-presidentes, depois
diretores e gerentes. Já tomamos todas as decisões entre as duas empresas de
quem vai ficar e quem vai sair. Tudo já está decidido e agora só vai aumentar a
equipe. Não tem mais ninguém pra sair.
A Trip está sendo investigada pela Anac por realizar um
procedimento de pouso não autorizado, considerado perigoso. O sr. sabia disso?
Não. Soube quando fui visitar a Anac, como sempre visito, e
me falaram que existia essa investigação. Disse para falarem com a Trip, porque
eles não têm nada a esconder. A Trip está cooperando. A Anac mandou cinco
investigadores para ver a operação. Eles iam ficar cinco dias na empresa, mas
ficaram um só. Levaram tudo que quiseram e estamos esperando a resposta.
A Trip suspendeu o procedimento apenas em 19 de setembro.
Por que o sr. não pediu pra suspender antes?
Porque, na nossa opinião, não havia risco para os clientes.
Ao contrário, acreditamos que as operações da Trip sempre foram seguras. Eles
operam há mais de 14 anos sem acidentes. Mas nosso papel é acatar determinações
das autoridades, o que fizemos e sempre faremos.
Qual o impacto disso da fusão?
Não tem impacto.
Que padrões operacionais vão prevalecer? Da Azul ou da Trip?
Da Azul. Vamos usar na empresa o SOP (Standard Operating
Procedures) da Azul.
Mas o responsável pela área de operações da Azul será o
atual presidente da Trip. Ele vai usar os padrões da Azul?
Sim.
Isso foi definido por causa da investigação da Trip?
Não. Isso já estava decidido.
Como está a integração com a Trip?
Está muito bem. O code share (compartilhamento de voos)
começa no próximo dia 23, e até 6 de dezembro todos os voos da Trip vão estar
no sistema da Azul. Estamos ajustando a malha para aproveitar melhor a nossa
capilaridade e oferecer mais facilidades ao cliente. Não tiramos serviço de
nenhuma cidade. Dos 253 rotas, temos sobreposição de voos em 18. Avaliar essa
fusão será mais fácil para o Cade do que no caso de Gol e Webjet. Eles tinham
sobreposição de 80% nos voos.
O sr. acha que Cade aprovará?
Acho que sim. Se eles tivessem dúvidas, já teriam pedido
para assinarmos um Apro (Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação).
Não fizeram isso. Então, estamos combinando as coisas.
As empresas não assinaram Apro?
O Cade não pediu. O Apro é para separar as coisas, para a
operação ser reversível. E já fizemos coisas irreversíveis.
Já fizeram? O quê?
Claro, temos de ganhar dinheiro. Já combinamos malha,
equipe, gestão e já decidimos quem serão os diretores. Todos estão trabalhando
como se fosse uma empresa só. Acho que até o fim do ano sai a aprovação.
Vocês vão continuar a receber novas aeronaves?
Vamos receber, mas vamos tirar também. Vamos devolver 20
aeronaves mais velhas e menores da Trip no primeiro trimestre de 2013, e
substituir por aeronaves mais novas, da Embraer e da ATR. Como as novas
aeronaves são maiores, podemos ficar com a mesma frota e aumentar em 10% a
oferta.
Por que essa atitude mais conservadora?
O mercado não está mais crescendo tanto. O PIB não cresceu
6% como estava crescendo, abaixou para 2%, 1%. Com nossos custos aumentando,
temos de crescer mais devagar.
Vocês vão elevar preço?
Depende do preço do combustível e dos custos do governo.
Sabemos com certeza que, se aumentarmos as tarifas, menos pessoas vão viajar.
Com o PIB crescendo menos, tentamos aumentar o preço e a demanda cai. Aí você
recebe menos receita e a ocupação diminui. O melhor seria reduzir custos.
Quando calculamos todas as taxas e impostos que pagamos para o governo, de uma
tarifa de R$ 200, R$ 72 vai para o governo. Isso prejudica a demanda.
Quando a Azul foi lançada, se falava em duopólio de TAM e
Gol. Ainda existe duopólio?
Acho que não. Em algumas cidades, ainda há. Talvez as
pessoas que voem de Congonhas achem que ainda existe duopólio, porque eles (Gol
e TAM) têm 95% dos voos que saem de lá. Mas quem mora em Campinas, Belo
Horizonte e Cuiabá vê que não existe mais duopólio. Das 100 cidades que
atendemos, em 43 somos os únicos. Então, nós temos monopólio nessas cidades.
Isso não é concentração?
Não. Todas essas cidades estão abertas a novos competidores.
É diferente de Congonhas, que é uma pista fechada.
O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse recentemente à
imprensa que não há espaço para três empresas aéreas no Brasil. O sr. concorda?
Depende. Se ele está falando da empresa dele ou da nossa
(que está sobrando) (risos). Nós temos 253 rotas e em 70% delas somos os únicos
a operar. Gol e TAM têm concorrentes em 90% das rotas. Você acha que precisa da
Azul no Brasil? Claro que precisa. Existem 43 cidades que, se não existisse a
terceira companhia aérea do País, não teriam voos. E dos outros dois? Não sei.
Nós estamos fazendo coisas que as outras não fazem. E nós crescemos para ser
uma empresa que vai faturar mais de R$ 4 bilhões neste ano porque nosso projeto
tem sentido.
A Azul é lucrativa?
Ganhamos dinheiro antes do segundo trimestre, que foi
difícil pra todo mundo. Ano passado foi muito bom para nós. Não tivemos lucro o
ano todo, mas nosso resultado melhorava a cada trimestre. Tivemos lucro no
último trimestre do ano passado e no primeiro deste ano. Estava melhorando. Mas
aí o câmbio mudou, o combustível ficou mais caro e a concorrência baixou o
preço. Mesmo assim, se já tivéssemos integrado nossa operação com a da Trip,
teríamos ganhado dinheiro no segundo e no terceiro trimestres.
Com a Trip, a Azul será mais lucrativa?
Claro. Não faríamos essa fusão se não fosse melhor para nós.
Acreditamos que, com a fusão com a Trip, vamos tirar custos anualmente de R$150
milhões e ganhar mais R$ 200 milhões a R$ 300 milhões em sinergias no lado da
receita. Ao todo, a sinergia pode chegar a R$ 450 milhões. Se tivéssemos tudo
isso junto, teríamos ganhado dinheiro no segundo e terceiro trimestre. Na fusão
de Azul e Trip, um mais um vai ser quatro.
Hoje vocês têm 15% do mercado. Dá para chegar a quanto?
Nós temos 15% de RPK (indicador que mede a demanda do
setor). Mas isso não importa nada para mim. Nossos voos são mais curtos e o
market share é calculado sobre a distância da viagem. O que importa para mim é
a frequência. Nós temos 30% dos voos do Brasil, atendemos 100 cidades e
transportamos entre 20% e 25% dos passageiros. Já no início do ano que vem
vamos absorver 95% das sinergias da fusão com a Trip. Essa empresa vai faturar
R$ 5 bilhões no ano que vem.
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