BRASÍLIA - O chefe do departamento de Estados Unidos, Canadá
e Assuntos Interamericanos do Ministério das Relações Exteriores, Carlos
Henrique Abreu e Silva, disse nesta segunda-feira que a parceira entre Brasil e
Estados Unidos voltada para o setor de aviação já está em andamento e que, em
23 de outubro, os resultados da primeira reunião do grupo que trata do assunto
serão anunciados em Washington.
“Adianto que será anunciado um conjunto de medidas de
cooperação no setor, com vistas ao fortalecimento da cadeia produtiva”, disse,
durante a 30ª Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, que
acontece hoje em Brasília.
Trata-se de algo inovador, segundo Abreu e Silva, pois os
EUA não têm acordo parecido com outro país do mundo. O executivo também chamou
atenção para o fato de essa iniciativa ter sido empreendida pelo setor privado.
“Os dois países têm quase 30 mecanismos de consulta e
cooperação, mas esse é o primeiro voltado a um setor específico”, disse.
Mercosul
Qualquer negociação para um acordo de livre comércio entre
Brasil e Estados Unidos deverá incluir os demais países do Mercosul, conforme
deixou claro um representante do Ministério das Relações Exteriores. “Essas
negociações precisariam ser no formato 4+1 ou 5+1, usando o Mercosul como
plataforma", afirmou Abreu e Silva.
O formato 4+1 ou 5+1, a que se refere Abreu e Silva, envolve
a participação dos demais sócios do Brasil no Mercosul - a questão é se inclui
ou não o Paraguai, suspenso do bloco desde junho, e a Venezuela, que aderiu recentemente
ao clube. O diplomata, no entanto, não demonstrou muita expectativa com o
eventual lançamento de negociações.
"Talvez o modelo de negociação dos Estados Unidos para
acordos comerciais 'OMC plus' (fora do âmbito multilateral) não seja adequado para
economias mais diversificadas, a não ser que elas já estejam integradas com a
economia americana, como é o caso do Canadá", avaliou, durante a 30ª
plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, realizada em Brasília.
Abreu e Silva comentava um conjunto de projetos de leis
apresentado pelo deputado americano Devin Nunes, do Partido Republicano, que
impulsiona negociações para acordos bilaterais de comércio com o Brasil, com a
União Europeia e com países da Ásia-Pacífico. Embora tenha classificado Nunes
como "um amigo do Brasil" e afirmado que os republicanos devem manter
"ampla maioria" na Câmara dos Representantes (câmara dos deputados
dos EUA), o diplomata disse acreditar que a Casa Branca teria dificuldades em
fazer qualquer negociação sem um TPA (trade promotion authority), uma
autorização dada ao Poder Executivo para negociar acordos comerciais com outros
países. Com o TPA, o Congresso americano pode apenas aprovar ou rejeitar os
acordos em bloco, sem mudanças pontuais.
Hoje, durante a abertura da 30ª plenária, o presidente da
Cargill e da seção americana da entidade, Gregory Page, recomendou a abertura
de discussões para um acordo bilateral de redução das tarifas de importação.
(Eduardo Campos e Daniel Rittner | Valor)
Valor, 16 de outubro de 2012
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