terça-feira, 16 de outubro de 2012

Brasil e EUA anunciarão cooperação em aviação no dia 23, diz Itamaraty



BRASÍLIA - O chefe do departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Henrique Abreu e Silva, disse nesta segunda-feira que a parceira entre Brasil e Estados Unidos voltada para o setor de aviação já está em andamento e que, em 23 de outubro, os resultados da primeira reunião do grupo que trata do assunto serão anunciados em Washington.

“Adianto que será anunciado um conjunto de medidas de cooperação no setor, com vistas ao fortalecimento da cadeia produtiva”, disse, durante a 30ª Plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, que acontece hoje em Brasília.

Trata-se de algo inovador, segundo Abreu e Silva, pois os EUA não têm acordo parecido com outro país do mundo. O executivo também chamou atenção para o fato de essa iniciativa ter sido empreendida pelo setor privado.

“Os dois países têm quase 30 mecanismos de consulta e cooperação, mas esse é o primeiro voltado a um setor específico”, disse.

Mercosul

Qualquer negociação para um acordo de livre comércio entre Brasil e Estados Unidos deverá incluir os demais países do Mercosul, conforme deixou claro um representante do Ministério das Relações Exteriores. “Essas negociações precisariam ser no formato 4+1 ou 5+1, usando o Mercosul como plataforma", afirmou Abreu e Silva.

O formato 4+1 ou 5+1, a que se refere Abreu e Silva, envolve a participação dos demais sócios do Brasil no Mercosul - a questão é se inclui ou não o Paraguai, suspenso do bloco desde junho, e a Venezuela, que aderiu recentemente ao clube. O diplomata, no entanto, não demonstrou muita expectativa com o eventual lançamento de negociações.

"Talvez o modelo de negociação dos Estados Unidos para acordos comerciais 'OMC plus' (fora do âmbito multilateral) não seja adequado para economias mais diversificadas, a não ser que elas já estejam integradas com a economia americana, como é o caso do Canadá", avaliou, durante a 30ª plenária do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, realizada em Brasília.

Abreu e Silva comentava um conjunto de projetos de leis apresentado pelo deputado americano Devin Nunes, do Partido Republicano, que impulsiona negociações para acordos bilaterais de comércio com o Brasil, com a União Europeia e com países da Ásia-Pacífico. Embora tenha classificado Nunes como "um amigo do Brasil" e afirmado que os republicanos devem manter "ampla maioria" na Câmara dos Representantes (câmara dos deputados dos EUA), o diplomata disse acreditar que a Casa Branca teria dificuldades em fazer qualquer negociação sem um TPA (trade promotion authority), uma autorização dada ao Poder Executivo para negociar acordos comerciais com outros países. Com o TPA, o Congresso americano pode apenas aprovar ou rejeitar os acordos em bloco, sem mudanças pontuais.

Hoje, durante a abertura da 30ª plenária, o presidente da Cargill e da seção americana da entidade, Gregory Page, recomendou a abertura de discussões para um acordo bilateral de redução das tarifas de importação.

(Eduardo Campos e Daniel Rittner | Valor)
Valor, 16 de outubro de 2012

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